26 janeiro 2008

distintibilidade no perspectivismo 2

nossa intenção aqui é justamente problematizar os tais meios de expressão, essa expressabilidade diferencial que manifesta o perspectivismo, a visão que tem do mundo os agentes não-humanos, a qual se configura em seus corpos;

a intenção de mergulhar nesse exercício de imaginação consiste em tomar contato e explorar uma dobra que se constitui aí entre expressabilidade não-humana imaginada a partir dos recursos do perspectivismo e a expressabilidade do próprio perspectivismo, que confere meios de expressão inéditos à antropologia;

pretende-se ainda, a partir dessa consideração dos meios de expressão no perspectivismo, problematizar a dinâmica da identidade e da diferença nesse comércio de perspectivas, tomando (de um lado) a figura do tradutor, acionada em certos momentos para traduzir a figura do xamã, como imagem, digamos assim, de um xamã de estado, ocupado em socializar as perspectivas não-humanas;

a intenção é menos polemizar ou discutir visando qualquer fidelidade etnográfica ao xamã e sua atividade;

é mais de a de localizar contrapontos para marcar a diferença, dao que esta não pode ser positiva e, portanto, só pode ser deduzida de imagens estabelecidas

é mais a de criar perspectivas em direção ao que há de diferencial no perspectivismo;

pois certo é que (já) não se trata, há muito, de se buscar descrever o xamanismo ou explicar como pensa o selvagem, afinal, essa postura de explicar o pensamento selvagem tem sido substituída há um bom tempo por outras posições, tais como: voltar o pensamento selvagem contra o nosso, constituir (com isso) outras e novas frentes de resistência política (enquanto o estado segue avançando com seus processos de escolarização e patenteamento dos conhecimentos indígenas), redefinir a imagem positiva do pensamento marcando-o (a partir da noção de discurso) com aspectos literários, estilísticos;


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