02 dezembro 2007

vontade
a vontade, tomada por vontade de viver, foi o contra-conceito elaborado a partir das doutrinas evolucionistas;
foi com esse contra-conceito que se propõe contrapor oficialmente aos excessos de moralismo que resultavam da tradição metafísica;
a arte, a concepção artística de nietzsche para o pensamento enquanto criação, enquanto experiência, amor fati, libera-o do seu biologismo e da concepção tosca dos instintos para resgatá-los numa outra dimensão;
coloca em jogo o trabalho literário e artístico para a criação conceitual;
a subjetividade nietzscheana desmonta o padrão de subjetividade (ciência reacionária: explicação e controle) definido pela razão, universalidade do humano pela razão (sonho do estado) desmontando o que há e em que consiste esse discurso iluminista em termos políticos de apropriação pelo estado para o controle do rebanho;

em lugar disso, afirma e reafirma com zaratustra: os homens não são iguais, e empreende uma crítica genealógica a essa obsessão pelo padrão, pela identidade, típica do espírito gregário;
é por isso que valoriza o homem solitário, o viajante noturno, por isso exalta o nômade do deserto;

a ciências humanas se deixam configurar a partir do espírito gregário, tem nele seu objeto, dada sua gênese de aparelho de estado;
nietzsche observa que a vontade de viver, mais que explicação (uma crítica no seu caso), conduz a uma justificativa para o espírito gregário;
no entanto, não descarta a vontade, que será reformulada como vontade de potência;
é então que define sua concepção de subjetividade, elaborada em zaratustra;
vontade de viver (como toda a gama de conceitos fundados nessa matriz metafísica) equivale à vontade de preservação do homem, da concepção de subjetividade ou da prática de subjetivação reacionária, configurada historica-socialmente, que visa conservar o sujeito, elaborando uma ciência, uma ontologia para justificar o sujeito, a consciência, o homem;
diz menos da natureza que da vontade reacionário dos homens;
todo esse movimento reacionário é que toma conta do conhecimento, da forma do conhecimento no século dezenove e sua forma de conceber a tradição ocidental, de conceber a história, de conceber-se como/enquanto história;
o trágico então serve para definir o método para se trabalhar sobre o humano enquanto material artístico, como matéria prima em vez de obra acabada;

foucault é um autor que dará encaminhamento a esse método;
vai trabalhar inicialmente sobre as noções de discurso e enunciado visando a suspensão da fronteira entre científico e literário e a concepção de verdade (metafísica) sustentada por tal dicotomia;
concentrando na função do discurso (genealogia) e sua configuração em relação ao campo de valores e aos jogos de força definidores dessa concepção de verdade, mais da função (política) dos discursos do que em sua forma de mímese, define uma representação clássica, um período em que a representação define a forma do conhecimento e da verdade;
supera com sua teoria do enunciado a dicotomia fundamental entre ciência (que representa a realidade, ou melhor, vinculada o período clássico da representação) e a literatura (que fornecerá a forma do conhecimento e da verdade a partir de fins do século dezenove);
essa teoria dos enunciados conduz justamente à crítica genealógica do discurso representacionista que se oculta ao mesmo tempo que dá a perceber;


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