02 dezembro 2007

vontade de saber 2
ao chegar em leibniz, chama-me a atenção o enunciado em que ele problematiza não a vontade de saber, mas a razão das vontades divinas;
além de que parece que toda vontade supõe alguma razão de querer, e que esta razão é naturalmente anterior à vontade;
leibniz problematiza a relação entre vontade e entendimento, tratando que aquela desprovida deste dá lugar a apenas um certo poder despótico;
portanto, deus não faz as coisas por que quer simplesmente, mas por que possui suas razões para fazê-lo;

daí ao postulado quatro que afirma: que o amor de deus exige uma inteira satisfação e aquiescência a tudo o que faz, sem que por isso se caia no quietismo;
nesse ponto leibniz compara os que não compartilham de seu princípio do melhor, deus faz sempre o melhor possível, a súditos insatisfeitos, e daí, a rebeldes;
ele insere aqui o princípio do melhor para preparar terreno à concepção de vontade presuntiva;
segundo o princípio do melhor, deus não nos quer inativos ou resignados, quietistas, e sim, colaboradores com a sua vontade, na medida em que a pudermos conhecer e fazer juízos sobre ela;
ao texto: creio pois, que, segundo estes princípios, para agir em conformidade com o amor de deus, não basta ter paciência à força, mas é necessário estar verdadeiramente satisfeito com tudo o que nos acontece segundo a sua vontade; entendo esta aquiescência quanto ao passado; pois, quanto ao futuro, não é preciso ser 'quietista', nem esperar ridiculamente, de braços cruzados, o que deus fizer segundo aquele sofisma que os antigos chamavam a razão preguiçosa; mas é necessário agir segundo a vontade presuntiva de deus, na medida em que a podemos ajuizar, procurando com todo o nosso poder, contribuir para o bem geral e. particularmente para o ornamento e perfeição do que nos diz respeito ou do que nos é próximo e, por assim dizer, ao nosso alcance;

veja que este postulado segue o de número três, em que o autor introduz o princípio do melhor, sendo sua problematização inicial em que desfaz qualquer relação entre aquiescência e quietismo;
o ponto em que apóia tal distinção consiste na dobra passado/futuro;
para com o passado cabe a aquiescência, para o futuro, a vontade presuntiva e não o quietismo;

vinha associando o conhecimento da matriz metafísica (histórico-transcendental) ao passado, buscando contrapor um pensamento, uma filosofia do futuro em conformidade ao pensamento nietzscheano, ou seja, com referências imanentes aos processos de constituição do conhecimento, conhecimento da ordem do acontecimento e não de faculdades permanentes, conhecimento como pactos provisórios resultantes de disputas, como efeitos de verdade determinados por falsificações;



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