24 dezembro 2007

o coeficiente de liberdade

de fato, interessante a questão de neo ao oráculo, confirmada e respondida pelo arquiteto;

se o oráculo consiste em parte do aparelho, a resistência e a liberdade que ela oferece consistem num determinado coeficiente de liberdade, que serve ao próprio equilíbrio, não apontando para nada diferente;

é assim que ela consiste igualmente numa forma de controle, um controle mais sofisticado para a manutenção de mais controle e do poder estabelecido;

tudo se resolve, para o oráculo, com o problema do futuro e da vida;

no entanto, isso é relativizado pelo arquiteto que trata da morte e das formas de vida a que se estaria disposto a submeter;


é interessante em se tratando do problema do mercado como essa instância que captura a liberdade e o desvio e os transforma, fazendo do veneno, soro para sua própria saúde;

e assim, faz do poder de transgressão um produto, corrompe essa transgressão;

trata-se dessa capacidade do mercado de converter a transgressão sistêmica, de apropria-la seja como subjetivação (consumo positivo), seja como crime hediondo (consumo negativo em que se subjetiva e individualiza essas transgressões de natureza sistêmica);

foi assim que a potência das minorias se tornou produto de mercado e de políticas públicas;

quando a maioria tomou o poder e estabeleceu um controle tão potente que passou a liberar coeficientes de liberdade às minorias, liberdade essa que possibilite estritamente o aperfeiçoamento de seus aparelhos de controle;

é assim que muitas pessoas, tais como eu mesmo, nos últimos cinquenta anos pensam estar operando na resistência quando estão aperfeiçoando sistemas de controle;

é assim na psicologia tornada controle social, na resistência tornada política partidária, no ecologismo tornado política ambiental, na educação tornada formação para o mercado, na arte tornada publicidade, no movimentos sociais tornados políticas públicas;

por isso se tornam engraçadas muitas críticas ao governo que tentam reaproveitar o discurso apodrecido dos movimentos sociais que serviram tão bem para guiar os cegos até a fogueira em que se encontram, fogueira essa da servidão voluntária;

não se vê aqui onde está o problema, por onde passa o problema da liberdade, seu limite é a consciência, não se ultrapassa o limite da idealidade consciente;

fica-se preso ao passado, à história, e o futuro é encarado com ressentimento, como dimensão apocalíptica;

a resistência é identificada com a tomada do poder, com macropolítica, tomando por referência o modelo de consciência racional que fundamenta a própria política à qual se combate;

por isso que somos facilmente capturáveis e apropriados por esse sistema e se continuamos resistindo a ele com seus velhos pressupostos, o que faremos alimentá-lo e estender sua vida;

assim é com o ecologismo que está preso em nossa ontologia, ao fantasma do natural, ao exterior e objetivo, enquanto dentro de cada um de nós não resta mais que deserto, terra árida, fogo;

seja revolução, seja ecologia passo a entende-las como inerentes à cada um de nós e a todos nós;

ontologia e subjetivação: trincheiras onde se pode inventar armas e combater;


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