02 dezembro 2007

hecceidades
o texto de o que se ouve entre a opy e a escola (2005) possui dois mo(vi)mentos distintos;
diria que ele se desdobra em dimensões diversas;
o primeiro se define por uma pesquisa sobre o canto-dança como instituição social de iniciação guarani;
refere-se aos cantos e sua inspiração, as experiências em que esses cantos são recebidos ou ouvidos, como momentos em que se dá a iniciação dos jovens cantadores;
essa pesquisa está centralizada nas particularidades desdobradas da noção de ouvir, verbo que possui sentido na aprendizagem guarani e especificamente nesse processo de contato iniciático com o plano e os recursos do xamanismo;
esse primeiro movimento da pesquisa culmina com o relato do nhande ru luiz da aldeia jaguapiré;
enquanto gentilmente acompanhava-me até a estrada, onde tomaria o ônibus para retornar a são paulo, ao longo do percurso de nove quilômetros, tivemos nossa derradeira conversa;
nesses últimos momentos, eu luiz consentiu em narar-me sua primeira experiência xamânica, quando depois de cair doente vinha em tratamento com seu iniciador;
relatou que uma noite dormia na opy quando teve um sonho em que, deitado na rede, via aproximar-se dele um nhande ru de estatura acima do normal;
este encostava-se a ele, tirava-lhe um tufo de algodão escuro do ouvio e ensinava-lhe um canto;
tratava-se de seu primeiro canto de cura;

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