02 dezembro 2007

hecceidades 3
assume-se então outra perspectiva que a da ciência em seu discurso passivo e interno, uma perspectiva de valores alheios aos da ciência conservadora, de sua teoria, de seus compromissos institucionais com o estado e outros financiadores, de suas hierarquias, de seus artigos de fé etc;

desde o início quis escapar à retórica generalizante da ciência aristotélica;
não queria estabelecer padrões, tirar fórmulas, chegar a denominadores comuns a partir da análise de material etnográfico;
queria antes trabalhar com experiências de iniciação que fossem mais particulares e excepcionais que propriamente generalizáveis;
é certo que dificilmente se escapa ao controle da busca por identidades e padrões, ideal de verdade científico e antropológico portanto;
enfadava-me a infindável busca por ordens genéricas/generalizantes dos textos antropológicos, mesmo aqueles que narram as mais particulares experiências;
passei desconfiar da função de tal retórica da generalização, a qual não se bastava na explicação pela tradição do organum aristotélico;
dessas particularidades interessava-me elaborar um método que desse conta de hecceidades, algo avesso à ciência régia do controle e mais afim à literatura ou a um saber nômade, pronto a se desfazer no momento em que se tentar aprisioná-lo em padrões;
com esse fim emprego a descrição das experiências rituais;
essas descrições não servem de suporte para a comprovação de generalizações ou para o estabelecimento de ordens aleatórias, tem antes a força literária de compor campos, de transcrever experiências, sentidos, atmosferas, personagens;


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