02 dezembro 2007


a filosofia se constitui em torno do problema da virtude;
do compromisso do homem com a polis;
o certo é que se trata aqui de uma filosofia de estado, filosofia que se contrapõe ao mito para definir-se como religião, num primeiro momento pela moral e num segundo pelo racionalismo;
tanto uma quanto outra fundamentadas na metafísica;
essa filosofia de estado define seu programa: conduzir a vontade através da razão;

desde a concepção (irônica) hobbesiana da sociedade como supressão das vontade individuais por uma força mediadora, controladora, condutora, até o tabu do incesto como mito fundador do homem freudiano;

a vontade só retornará a esse com outro valor quando enquadrada nesse esquema moral do pensamento de estado, esquema este redefinido no contexto capitalista o século dezenove;
o esquema moral da filosofia grega que se achou por bem cristalizar (ou cristianizar) contrapunha a virtude à vontade, a razão ao instinto, sendo que o instinto se define aqui, no esquema da consciência socrática, como bestial, vicioso, digno de vergonha;
não precisa nem dizer qual o povo que deu esse cunho ao esquema moral grego e de toda filosofia dele decorrente;
é clara a apropriação cristã desse pensamento para seus fins;

a vontade retorna no esquema de um pensamento que justifique a era industrial, a mais valia, a exploração do homem, o controle social, a concorrência e todo o repertório liberal do capitalismo do século dezenove;
o capitalismo que se apropriara por tanto tempo da moralidade cristã, apropria-se agora do discurso científico para justificar-se, para elaborar uma razão e uma técnica à imagem da natureza;
o estado investe então no controle social, dando origem a novas técnicas de controle e enquadramento;
a liberdade requer um controle redobrado;
a vontade se associa agora ao consumo, à concorrência etc, enquadra-se na economia discursiva do capitalismo;

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