19 novembro 2007

tomar a noção de agência à partir de nosso instrumental de poder, jurídico, escolar etc consiste em não tomar a noção de agência levada às suas consequências de fato, levando em consideração o universo de valores que não o nosso, considerando noções de ação e apropriação de nossos aspectos e instrumentos de conquista e manutenção de poder;

agenciar esse outro universo de valores (esse universo de valores outro) consiste em considerar as diversas formas de apropriação de nossos instrumentos políticos;

manter-se na homogeneidade dos valores hegemônicos e seus pressupostos equivale a considerar a agência indígena apenas em seu caráter reativo, sem considerar a apropriação criativa e de resistência desses agentes e seus processos;
essa atitude é atribuída à própria constituição desses mesmos instrumentos de amansamento, que operam desterritorializando ou aniquilando ou desconsiderando esses sistemas de valores;
eles operam assim devido à mera consideração desses valores já legitima-los;
operar num campo de valores homogêneo (monocultura) consistiu na forma de dominação ociental por excelência como atestam nossas mais importantes instituições de conquista e (colonização) amansamento: religião cristã, sistema judiciário, o complexo escrita-escola-ciência etc todos organicamente coordenados;
é assim que tornamos o outro em simples reagente às nossas ações, nossas instituições, ou seja, imerso no universo contruído a partir de nossos valores;

são nossos aparelhos de captura e amansamento que operam com noções como consciência e sujeito fundamentadas em nossa moral, nos valores pressupostos por essas instituições, valores que visam a perpetuação dessas mesmas instituições, visto que opera exclusivamente no campo homogêneo de seus valores e pressupostos;

assim, na consideração da noção de agência indígena levando em conta sua cosmopraxis, o que se coloca é um complexo problema político e epistêmico que consiste inicialmente na desmontagem dos aparelhos de captura e amansamento a partir da consideração de universo de valores tornado homogêneo como parte de seu programa/projeto;
esses aparelhos estão arraigados em nossas práticas de conhecimento, definindo inclusive a consistência de tais práticas, o que elas significam, o que quer dizer conhecer;

as práticas de conhecimento tomadas a partir de nossos valores definem-se pelo reforço desses próprios valores e seus pressupostos;
nossas práticas de conhecimento tomadas de outra perspectiva, de outros universos valorativos ganharão outras versões;
enquanto conhecer para nós consiste num oroboros, num circuito fechado que conduz à legitimação de determinada configuração da realidade, sendo tanto essa realidade como sua configuração e os processos de manutenção dessa configuração instrumentos de nossa cosmopraxis;
absolutizar nossos valores através da homogeneização de uma realidade, de uma história, de uma natureza cuja regras de funcinamento se encontram em nosso poder, nisso consiste nosso mito;


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