29 novembro 2007


o se falar em discurso não se trata do texto ou da fala em geral;
a noção de discurso possui um sentido estrito que se refere a sua concepção do sentido e dos valores;
certo que essa afirmação vaga não possui sentido genérico, não consiste numa definição (antes conduz uma operação) só faz sentido no contexto epistêmico ocidental, em nossa tradição epistemológica;
sendo essa tradição marcada por uma concepção da linguagem que vincula o enunciado ao referente antes que à enunciação, ao ato de produção de sentido;
essa concepção se afirma e prolifera tendo por princípio uma dimensão transcendente que apóia a rede de sentido;
é como se tudo se passasse fora da linguagem, nesse campo imaginado como pré-concebido na imaginação divina;
como se essa não tivesse poder de criação de valores, um instância passiva de caráter meramente representacional;

quando realizamos o curto-circuito de integrar essas duas instâncias, elas se revelam imaginárias, mas não irreais, sendo que definem ainda hoje nossa forma de conceber a realidade e o sentido;

ao suprimir o caráter de produção da linguagem e afirmar uma instância transcendente pré-concebida, uma configuração valorativa tomada como realidade, essa concepção assume seu caráter reacionário;


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