28 novembro 2007

a maior contribuição da lingüística saussureana de fato consiste na cisão definitiva dessa relação direta entre com o referente;
ela interpõe entre linguagem e referente a noção de signo, composto de significante, definida como imagem sonora a qual se relaciona à série do significado;
com isso ela passa a idar com a produção de sentido a partir da articulação dos eixos da linguagem, desvinculando a produção de sentido do universo dos referentes;
esse mundo dos referentes é levado mesmo muitas vezes a um limite de relativização, sendo considerado pela lingüística como produção cultural via linguagem, sendo que esta possibilitaria os recortes culturais;

portanto, a lingüística será responsável por essa cisão, cisão com a relação direta entre linguagem e referentes, investindo a linguagem de um poder criador, de uma natureza valorativa, de um caráter cultural, desmistificando com isso a idéia de uma linguagem transparente, despida de valores, natural;
dessa cisão é que se beneficiarão as ciências humanas que encontrarão aí a abertura para todos os tipo de ruptura com (e de crítica a) o método histórico;
o método histórico se caracteriza pela era pré-discursiva (sendo por isso mesmo o alvo central de toda e qualquer análise do discurso) por tomar por base a disciplina que talvez mais tenha tirado proveito do modelo representacionista, da concepção de linguagem e sentido que se coloca em relação direta com os referente, que pressupõem uma realidade pré-definida e, portanto, valorada de ante-mão;
essa suposta realidade é então tomada não como fim (a ser construído), mas como princípio;

contrário a isso, o que se tem a partir da abordagem lingüística será uma linguagem como puro valor, a despeito de todos os tipos de apropriação que a lingüística sofrerá posteriormente;

o estruturalismo e as propostas de linguagem com coerência interna, ordem autônoma;

uma disciplina como a antropologia que já não mais se conformavam ao modelo histórico vão conduzir essa abordagem a diversos desdobramentos com o estruturalismo;
a antropologia se posiciona assim como possibilidade de um pensamento imune à configuração pela ordem positiva, que pressupõe uma adequação entre a linguagem científica e a natureza, ou melhor, que admite tanto uma dimensão transcendente pura ou despida de valor, como a possibilidade de sua decifração;
sua posição fora da imaginação evolucionária na qual se configura o pensamento ocidental com seu messianismo iluminista lhe permite acionar outras imaginações, propor outros sistemas de relação linguagem/mundo, outras ontologias;
sua posição estratégica permite acionar diversas máquinas de guerra que não estavam previstas no programa autoreferenciado dos aparelhos de estado;

daí a importância do mito como ordem autônoma a reivindicar a autoridade que havia sido atribuída por nossa ordem de estado à história;
o método histórico se configura a partir dessa autoridade, da história como aparelho de captura matriz;


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