19 novembro 2007

lembrar o caráter pernicioso da compaixão;
trabalhar sem permitir que o fluxo de compaixão que perpassa os projetos e trabalhos sociais coordene nossas ações;
não estamos trabalhando por compaixão, por bondade;
nossa motivação é outra;
trabalhamos firmados no futuro, na morte do que é, fixados na transvaloração;
não trabalhamos para o passado, para a preservação de nada que morre;
o que está morrendo queremos antes ajudar a morrer;
tudo o que se passou até aqui foi para preparar a nossa chegada;
não há nada de errado com o homem do presente;
se há algo de errado é o apego e necessidade de se conservar, não querer passar, não querer morrer;
não trabalhamos nem mesmo motivados pelo presente, que nele ainda há algum ranço de passado;
a compaixão nos remete ao passado, à morte que se quer imortal;
temos os olhos fixos no futuro, nosso compromisso é com o futuro, nossa morte é uma forma de passar, de abrir caminho para o que vem;

estamos enredados em uma antropologia compassiva;
essa compaixão advém e conduz ao assistencialismo;
queremos preservar algo que acreditamos ser o outro, seu original, ainda que como objeto de estudo;
em nossas próprias expressões, especialmente aquelas em que se acredita descrever a realidade tal qual, ipses literis;
nossa obsessão pela identidade, nosso olhar moldado pela identidade nos conduz a buscar o mesmo, a identificar e fixar, a classificar;



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