28 novembro 2007

daí a importância do mito como ordem autônoma a reivindicar a autoridade que havia sido atribuída por nossa ordem de estado à história;
o método histórico se configura a partir dessa autoridade, da história como aparelho de captura matriz;

como ao estruturalismo interessa a produção de sentido, as ontologias selvagens, parte-se rumo ao pensamento selvagem, primeiro pela via comparativa com o pensamento ocidental para desbaratar evolucionismos, reivindicar autonomia a esse pensamento que possui sua ordem interna, que produz realidades, que organiza mundos com suas relações de causalidade próprias;
os selvagens não vivem mais iludidos por suas superstições como se propôs pensar até então;
seu pensamento possui uma ordem própria que serve adequadamente para sua socialidade, sua cosmopraxis;
ganham autonomia de pensamento, pelo menos em um campo restrito (estruturalismo) de um campo restrito (antropologia) de nosso pensamento;
importante: isso se passa em nossa imaginação conceitual, pois politicamente é uma outra história;
daí a reconhecermos essas formas de saber em nossa cosmopraxis...

no entanto, nos restringemos às propostas que se desdobram do estruturalismo;
pensar a cosmopraxis indígena não apenas de nosso aparato científico, nossas metodologias rigorosas de descrição da realidade com suas cadeias de pressupostos arraigados em nossas mitologias;
no entanto, em lugar de uma psicanálise da ciências humanas, o que se propõe será justamente pensar em algo simétrico no pensamento selvagem;
será que a mitologia nos proporcionaria um método para o estudo desses pensamentos, dessas cosmologias, dessas cosmopraxis;
e assim perseguir os problemas que nos conduzirão por essas traduções, por esses devires, visto que essa simetrização sempre nos exige da imaginação uma espécie de refração, de adequação;

um problema interessante consiste no estabelecimento do protocólo de aproximação/apropriação de um pensamento por outro;
temos nos conduzido pela apropriação que faz clastres dos esquemas enunciativos que conduzem às máquinas de guerra, maneira de voltar as instituições indígenas contra certos aparelhos de nosso pensamento que tendem sutilmente a reproduzi-lo como onipotente, onipresente e, principalmente, onisciente;

passamos a nos apropriar aqui desse pensamento selvagem (como desdobramento de nossas apropriações do estruturalismo) de outra forma;
devir não é analogia nem imaginação, trata-se de uma questão-máquina;
o próprio devir aqui consiste numa máquina de guerra que define a ação do xamã, ação sem precedentes em nossa cosmopraxis, aliás, ação que compromete mesmo certos princípios fundamentais de nosso pensamento, o que a define mais uma vez como máquina de guerra;
não se trata de analogia como numa comparação inicial entre pensamentos selvagem e civilizado;
ao se romper com o horizonte em que vigora um pensamento da identidade e se assumir uma diferença radical, passa-se a buscar os princípios desse pensamento e não de imagina-lo a partir de nossos critérios, dos valores de nossa tradição;
mas de imaginarmo-nos segundo esses princípios outros, numa mudança de perspectiva que conduz ao xamanismo como contra-ciência;

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