08 outubro 2007

plaquetas utilizadas para mapear madeiras de lei para corte
a ‘máquina de guerra nômade’ conquista sem ser notada e se move antes do mapa ser retificado; (mil platôs)

o leitor conhece o sertanista josé carlos meirelles da frente do envira por suas crônicas em que narra episódios vividos por ele e seus companheiros em meio a índios isolados e índios madeireiros;
vamos ver, o sertanista começa descrevendo no primeiro parágrafo os usos do paco-paco, árvore ribeirinha conhecida como algodoeiro, com diversas utilidades;
sua objetividade impetuosa demonstra seu domínio da vida isolada nas matas do envira;
é o descontraído tom da crônica, tom impressionista de quem narra fatos cotidianos, sem impacto;
é uma fina estratégia para nos afastar do discurso moral que coloca o dedo na cara do leitor para evocar o tu deves dos decálogos do padre;
pois é depois de instaurar essa disposição no leitor, que o sertanista começa a desmontar a tranqüilidade aparente dessa floresta;
o cenário inicial começa a eivar-se de ironia, com a suposta função do paco-paco descoberta pelo mateiro bené;
a leve ironia já nos vai adiantando o tema da crônica do autor;
o cenário idílico do caçador voltando pra casa nos imerge novamente no impressionismo despretensioso;
pois é desse cenário que emerge o estarrecedor acontecimento que o narrador prossegue sem fazer alarde, com o tom impecável da crônica, que serve para fazer a ironia mais intensa;
é então que, quando esperamos flechadas, o que espoca do meio da mata é um tiro de índios nada isolados;
os ‘índios isolados’ do caso são indígenas que têm desenvolvidos planos de ‘manejo madeireiro’ em ‘seu território’ e atiram nos inimigos brasileiros;
ou seja, os indígenas peruanos estão se disfarçando de índios isolados e usando sua animosidade de máquinas de guerra em favor do tráfico madeireiro de seus manejos e suas concessões fajutos;

daí a habilidade dos aparelhos de estado se disfarçarem de máquinas de guerra, utilizando-se dos próprios índios enquanto aparelho;
melhor, os amansados estão se fingindo de brabos para cumprir a função de retificar o mapa;

essa é uma das formas da máquina de guerra ser apropriada pelo estado;

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