06 outubro 2007


o ecologismo seringueiro
postos tais marcos, prosseguimos com outra abordagem do ecologismo, extensamente desenvolvida por pantoja (2007), pelo discurso seringueiro e seus desdobramentos na praxis das reservas extrativistas;
com a naturalizada "crise" da borracha, deu-se início à expulsão generalizada dos seringueiros das colocações que pertenciam à máquina seringalista, convertida então em empresa pecuarista;
as agências e agenciamentos que foram ativados consistiam nos sindicatos de trabalhadores rurais, as reuniões, os discursos, a organização da classe trabalhadora, a luta e classes, um discurso de luta, resistência e articulação política que tinha lugar em, ou melhor que vinha de outras regiões do brasil e do mundo;
essas agências e agenciamentos deram lugar a outras, tais como as cooperativas, escolas etc;
seu discurso girava em torno dos direitos dos trabalhadores à terra, à reforma agrária, e só mais tarde, à sua forma de vida já tradicional, o extrativismo;

pois pantoja (2007) igualmente marca o artifício que fazia do ecologismo um dos pilares argumentativos, quiçá o central, justificados no momento de concepção as reservas;
por fim, da condição de trabalhadores rurais em luta pela reforma agrária, os extrativistas se convertem em poucos anos de processo de articulação política, em ecologistas interessados no patrimônio natural do país, melhor, do estado;
a justificativa era seu modo tradicional (que imaginavam continuar tradicional) de baixo impacto ecológico;
melhor seria dizer, o baixo impacto ecológico da empresa seringalista;
enfim, o ecologismo que nortearia a política ambiental institucional já estava em seus primeiros planos de utilização;
não sei a vocês, mas a mim parece estranho encarar com naturalidade a idéia de que a luta do seringueiros ou dos povos da floresta teria pautado a legislação subseqüente, que teria a finalidade de determinar legalmente/definir juridicamente/dispor em forma de lei as diretrizes da política ambiental do estado;
minha hipótese aqui é invertermos essa relação aqui visando evidenciar o contramovimento ou o refluxo do já lugar comum dessa influência popular em nosso estado recém-democratizado;
ou seja, não teriam sido os seringueiros a construir uma legislação popular do socioambientalismo, e sim, o socioambientalismo que teria dirigido os seringueiros a se converterem ao ecologismo, o que se verá com pantoja que teve desdobramentos catastróficos quando os seringueiros caem nas mãos do ibama;

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