13 setembro 2007

ecologias 2
o problema da natureza

dos problemas que assombram essa origem de ruptura e resistência da ecologia, o da concepção de natureza consiste num dos mais complexos por seus desdobramentos epistêmicos ou filosóficos;
o problema da concepção de natureza situa-se no princípio que orientará o posicionamento epistêmico da ecologia;
tomando o rumo da velha tradição metafísica e positivista, a noção de natureza se refere ao par opositivo da noção de humanidade;
rompendo com essa tradição, opera-se nos insterstícios dessas noções, com a humanidade da natureza e a natureza na humanidade;
a matriz epistemológica ocidental, que pretende circunscrever a ecologia como ciência biológica, esvazinado-a de sua função de movimento social e prática subjetiva, constituiu-se a partir do universo de valores próprio ao capitalismo;
dessa forma, o que põe a perder a ecologia, fazendo dela uma ciência biológica do equilíbrio natural em favor da tecnocracia, consiste na concepção de natureza que dá sentido ao sistema valorativo ocidental, incluindo sua mitologia, e à ciência decorrente dele, incluindo igualmente sua mitologia;
segundo essa concepção, que opõe a humanidade ao natural, a natureza é desprovida de seu caráter humano, inclusive do caráter político que deu projeção à ecologia;
por isso, não se trata de equilíbrio ecológico como questão de ordem burocrática ou tecnocrática, mas da ecologia como um processo que articula as esferas do humano e do não-humano na constituição de subjetividades não-capitalísticas;
pra que serve a ecologia?

a ecologia não é uma questão estrita de equilíbrio na ordem natural, seu problema não se restringe a isso;
ela envolve uma série de processos, projetando-se como paradigma de resistência ao capitalismo como movimento integrado globalmente;
trata-se, inclusive, de ir além de afirmar a dimensão humanista da ecologia, em contraste com sua concepção tecnicista, tecnocrática ou naturalizante;
trata-se mesmo, de se utilizar da ecologia como paradigma à reformulação dos princípios de ação e pesquisa ancorados pelos círculos viciosos das orientações pseudo-científicas da ciência pela ciência;trata-se de operar no horizonte das práticas de subjetivação próprias às máquinas de guerra, em lugar das 'rigorosas' explicações científicas a serviço dos aparelhos de estado;

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