29 agosto 2007


mákinas de guerra
é isso que zaratustra sugere àqueles que fogem ao supérfluo, àqueles que não são homens do supérfluo: que fujam do estado, que se posicionem nas barricadas de seus limites, em suas fronteiras, que declarem guerra (a guerra ele não suporta), homens de estado não são homens de guerra;
sugere que esses homens se refugiem da doença na floresta, na solidão;
se essa floresta é metafórica ou não... será possível permanecer na urbe e combater o estado... ele deixa margem a tais brechas... será que na urbe cada movimento seu não estará sendo milimetricamente esquadrinhado, sondado, mesmo como margem de prejuízo de sua contabilidade;
não sei, sei que me afasto literalmente do estado;
todos me sondam, como a se perguntar: qual será o seu saque, que nova espécie ele veio saquear, aquém será que esse branco vai explorar, parece um homem de estado, um professor, sem dúvida é mais um professor que veio para nos ensinar sobre a nossa ignorância...
sua vontade por tão pouco, e logo já não era mais sua vontade, já se dissipara na vontade geral;
nem sabem sobre a vida, colocaram sua carne no mercado tão cedo que isso se confunde com sua infância, temendo não conseguir vende-la depois, temendo os comerciantes;
cheguei em cruzeiro pelo rio, desci no porto; tive a lição do porto; conheci então onde se negociavam as mercadorias, onde os produtores são escalpelados pelos marreteiros que revendem seus produtos aos comerciantes da cidade;
muitos deles, hoje empresários, começaram explorando assim os produtores;
entendi o que é uma cidade, o que é um estado na lição do porto;
sou natural da cidade, da polis, em que só existe estado, em que tudo é uno com o estado, uma só homogeneidade, ainda que multifacetada;
não podia conceber sua heterogeneidade, o espaço em que ele se embate com o que não é estado, com a força de alguma coisa selvagem, de uma matéria que ainda não foi adestrada;
só pude vê-lo em suas margens, nesse trabalho de domar o selvagem quando conheci os guarani pauperizados de dourados e seu ensino diferenciado;
aí vi, não sei se uma resistência ao estado, via mais uma luta para se homogeneizar, para parar o sofrimento que o estado impõe a todos que estão fora dessa homogeneidade, a todos que escapam ao consenso urbano;

o estado organiza o trabalho, ainda hoje nos confundimos, vendo no direito ao trabalho um princípio democrático;
insistimos em contrapor o trabalho escravo e seu regime de coronelismo ao estado democrático e sua falácia;
nosso maniqueísmo no impede de contrapor o ruim do coronelismo com o pior ainda do liberalismo, responsável pelas reformas trabalhistas do ditador vargas;

isso é claro para nós, hoje, governados pelo partido dos trabalhadores;
só para a mentalidade patética dos acadêmicos ilhados em seu pavor de perder a boquinha do estado, seu salário miserável que acreditam ser a sorte grande, que vêem na ordem trabalhista um épico de libertação dos trabalhadores, que vêem a classe trabalhadora como saída do capitalismo numa papagaiação sem futuro;
ilhados em sua irrealidade racionalizante financiada pelo estado para reproduzir-lhe os valores iluministas;

nas fronteiras do país e nas fronteiras do estado;
pode-se ver o estado em estado bruto, impondo-se aos cidadãos, a sombra de sua violência original, leviatânica;
as brechas da ação do estado, o cinismo de quem se sabe fazendo a violência, a absolvição do mal dada pelo consenso em torno do estado, enfim todo o aparato moral que instaura a servidão voluntária;

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