22 agosto 2007

a lição das árvores, carol mangiagalli

estou lendo um texto de uma africana;

a violência do discurso de wangari maathai me agride;

rapidamente me justifico dizendo que seu tom alarmista é um recurso ecochato e que ela faz cartaz da miséria africana para se promover;

acontece que a medida que vou lendo sua descrição das violências, de conflitos por recursos escassos voou me dando conta de como são velados os nossos conflitos no brasil;

nossa abundância de recursos contrasta com a miséria a que grande parte da população é submetida;

acontece que a miséria ordenada no meio urbano, por sua homogeneidade, tende a se banalizar, enquanto que em meios diversos ela toca nossa sensibilidade pelos matizes de cor diferenciados;

esteticamente a miséria não-urbana nos estarrece, enquanto a miséria urbana já nos insensibilizou;

como boa parte do processo histórico do estado brasileiro, pilotado pelas velhas oligarquias, foi ocultar as conseqüências evidentes da super exploração de seu super capitalismo, o que vejo é todo um arsenal visando o que foi chamado êxodo rural;

portanto, uma especialidade do estado brasileiro, ou seja, de seu aparato legislativo, executivo e judiciário, gerada por necessidade de suas oligarquias, que iam fazendo o mesmo processo por outro lado, com sua típica violência de armas, é criar condições de dependência;

nisso o estado brasileiro, como aliás todo estado capitalista, é competente;

enquanto a elite rural e o empresariado nacional, aliado das multinacionais, atuam fazendo pressões contra a agricultura familiar, o extrativismo e toda e qualquer forma de autonomia produtiva, fechando de forma mesquinha o cerco nos mercados locais, via atravessadores e suas associações comerciais, o Estado, com a força do consenso e a máscara do povo, atua de outro lado com uma política assistencialista que começa na compra/venda do voto e prossegue na construção de seus aparatos de controle social;

e compreendo: é... a violência está em nosso tutano, forjou a corrente que nos prende à condição de dependentes dos atravessadores, das indústrias internacionais;

é ela que vigia a nossa dependência do estado, dos atravessadores;

é ela que vigia o pensamento de autonomia dos desajustados;


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