24 agosto 2007

com paulo

disse ele que gostava da antropologia para deslocar e relativizar as referências ocidentais, pois toda cultura tem suas tendências etnocêntricas;

disse-lhe ser isso o que me interessa em antropologia, não tanto para o estudo dos outros povos, mas utilizar-se dos seus recursos para definir os padrões e referências criados por nosso pensamento ocidental e tomados como pressupostos na consideração do mundo e do conhecimento;

disse que havia sido esse interesse que me levara a aprofundar-me numa antropologia do conhecimento;

ele perguntou-me, então, se não haviam padrões ou critérios de racionalidade que reduziriam o pensamento à racionalidade, critérios aos quais qualquer pensamento deva obedecer;

penso que tal tendência do pensamento para a identidade, para a identificação de padrões universais, de modelos de pensamento comuns ao ser humano tiveram um lugar histórico determinado na antropologia, quando se pretendia colocar em questão os princípios do racismo, mas seu modelo de explicação do pensamento alheio, tributário do positivismo e do objetivismo aristotélico, vinha há décadas buscando ser desmontado, redimensionado a partir de seus pressupostos epistêmicos;

em meu referencial teórico venho trabalhando com uma filosofia que renuncia à identidade para operar a diferença como princípio epistemológico via crítica de princípios platônicos da filosofia grega, expropriados na ordem da metafísica judaica;

portanto, essa universalidade é marcada historicamente (e, portanto, epistemicamente, segundo a genealogia), resulta de momento determinado na ordem do discurso científico, não sendo uma dimensão absoluta e transcendente do conhecimento, mas uma forma de construí-lo que só poderá ser compreendida em seu devido contexto;

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