21 julho 2007

o enigma e seus devires 3

a forma como se dá essa outra relação com a palavra, com o discurso (categoria pouco compreendida) seria o ponto de partida pois deveria iniciar problematizando o olhar/discurso com que eu via (ou melhor, a minha cultura via através de mim) esse outro e seu modo de “ver” (fazer, criar, viver etc) o mundo;

estava na academia e o caminho que tomei foi explicar para esses meus amigos guarani o que era a academia e o que era esse conhecimento herdado e modificado há tantas gerações, há tantas civilizações;

minha intenção era exorcizar o universalismo típico do colonialismo próprio a dessa ciência e da cultura em que ela é gerada;

para isso, portanto, eu inverti o jogo e, perigosamente, fiz uma aliança com os guarani: ao invés de explicar à academia o que era o conhecimento guarani analisado segundo uma ou outra escola, uma ou outra teoria de prestígio, optei por colocar esses saberes em conflito, por colocar seus princípios em relação;

para tato, iniciei “tentando” explicar para os guarani, ainda que os meus interlocutores guarani, ainda que os virtuais leitores guarani de minha literatura;

como procurava dialogar com os indígenas sobre o conhecimento ocidental, aquele do discurso da educação escolar indígena, de que eles propunham instrumentalizar-se na medida certa, medida que não ameaçasse suas culturas, mas lhes permitisse dominar recursos da sociedade ocidental;


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