31 julho 2007

prosa com marcos em sua casa, cruzeiro do sul
Juracy Xangai
marcos athaydes, prof. da universidade da floresta

depois do almoço

depois de meu primeiro ano de pesquisa tomei consciência de que não podia falar do conhecimento guarani, meu falar estava infectado e infectaria tudo com o que tomasse contato;
o que deveria fazer seria processar o meu discurso, ao invés de vender por tão pouco o conhecimento raro dos guarani;
pois é, a velha história do macaco que vai ajudar a piaba que sobe o rio e acaba matando o peixe;
meu discurso tinha que passar por uma renovação por um processo de limpeza, de regeneração;
descobri como parte desse caminho, tomando a hermenêutica, a filosofia e a antropologia que a epistemologia seria o caminho para esse processo;
sem reconstituirmeu próprio conhecimento, suas características e seus pressupostos não poderia falar de outro saber, pois ao tocar esse saber, meu discurso absolutizante e objetivista já o transformava em seu objeto, em outra coisa;

ponto de inflexão antropológico
o ponto de partida para uma crítica do nosso pensamento foi compreender o percurso, ou melhor a gegealogia do discurso epistêmico;
começando pelo positivismo, resultado da obsessão iluminista, o entendimento do cruzamento de sistemas sígnicos de que ele resultava, a confusão entre o verbal e outros regimes, que conduz à afirmação objetiva e à concepção de um conhecimento universal, concepção contestada então pelo construtivismo;
a crítica a essa concepção positivista é encaminhada pela antropologia francesa até chegar ao estruturalismo que toma o problema dos regimes sígnicos como questão fundamental da antropologia e da comparação entre sistemas de conhecimento, entre pensamentos;
pode-se traçar uma gênese nos trabalhos de durkheim e mauss, que começam a trabalhar a questão dos regimes simbólicos e numa definição de cultura que supere a do positivismo descritivista;
a religião é o campo fecundo onde os pensadores se debruçarão para buscar especificidades dos regimes sígnicos, as quais rebaterão em nossa correlação/confusão positivista entre palavras e coisas;

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