19 julho 2007

antropologia ashaninka aplicada

das idéias debatidas sobre o projeto yorenka ãtame nas rodas de conversa dos dias que precederam a inauguração do centro, há um ponto que considero crucial na concepção do projeto;

de um lado, foi colocada uma necessidade de um suporte técnico que deverá apoiar os condutores das atividades do centro;

vejo nesse apoio técnico um perigo: o risco à autonomia técnica desses agentes florestais professores e à autonomia de seu saber técnico;

sendo otimista, seria a oportunidade de constituição de um saber que combinasse técnicas tradicionais ou saberes indígenas com conhecimento acadêmico;

sendo pessimista, olha-se para o mercado dos técnicos e não se vislumbra especialistas com tal sensibilidade etnológica e visão epistemológica compatíveis às propostas do projeto, especialistas que possam trafegar e criar a partir dessa diversidade de pensamentos;

por outro lado, foi colocado e debatido uma outra concepção de parceria técnica;

essa parceria será alternativa ao conhecimento técnico acadêmico e sua matriz;

a alternativa consiste na interação com técnicos indígenas de outras partes do mundo que desenvolvam projetos similares aos da escola;

a própria pesquisa desses outros centros, de iniciativas similares à yorenka ãtame pode consistir num processo de formação inicial seja para o grupo gestor local, seja junto aos próprios pesquisadores do centro;

para tanto, a apiwtxa dispõe de ampla gama de parceiros com que se pode articular tais contatos que podem ir de reservas à terras indígenas, entre outras unidades de conservação e comunidades voltadas à sustentabilidade;

essa segunda hipótese, de parceria com técnicos indígenas, que podem inclusive ter formação acadêmica, apóia-se em diversas justificativas;

inicialmente posso justificar com essas diversas incompatibilidades entre os pressupostos (econômicos, políticos, místicos etc) que sustentam esses modelos de conhecimento diversos (técnica tradicional e técnica acadêmica) sobre as quais temos escrito;

outra justificativa encontra-se em sua concepção política, já que esse tipo de associação e parceria deve servir para articular, fortalecer e legitimar os saberes tradicionais;

portanto, os laços entre as comunidades deverão ser reforçados com reconhecimento e o intercâmbio desses saberes;

creio na importância dessa justificativa devido ao fato do enfoque político estratégico do centro não se restringir à ação local, e sim visar essa articulação com parceiros de projetos similares visando a construção e fortalecimento de redes que desenvolvem esse trabalho;


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