02 maio 2007

o estruturalismo consiste num esforço para desvincular o pensamento do determinismo hegeliano, dos programas modernos que tendem a perpetuar o evolucionismo arraigado na matéria em formas/fórmulas de pensamento;

esse modo do pensamento que se desenvolve colado à natureza evolucionista está associado ao realismo como forma do pensamento que se baseia numa razão natural, numa harmonia plena entre o pensamento e o mundo a ser conhecido;

o estruturalismo parte do esforço de ruptura com o método histórico, com a razão histórica, buscando dar conta daquilo que ela deixa de fora, buscando criar uma imagem do conhecimento que escape a essa evidência da progressão e desenvolvimento contínuos;

essa concepção do progresso e do desenvolvimento está determinada por dois princípios de identidade;
primeiro a identidade entre a natureza do conhecimento e a natureza do objeto a ser conhecido, o realismo;
depois um princípio que identifica o objeto a si mesmo ao longo do tempo, uma identidade entre o objeto e ele mesmo em contextos distintos;
esses princípios são dados como pressupostos, não são problematizados politicamente ou metodologicamente, assim como a história que não possui uma leitura crítica de seu procedimento, definindo-se, assim, como um procedimento politicamente conservador;

esses procedimentos estão desprovidos dessa volta sobre si mesmo, desse pensamento de si mesmo, dessa reflexão sobre a natureza do produto e do seu processo;

a definição de processos descontínuos está associada a essa dinâmica reflexiva;
a abordagem não se limita ao plano do objeto analisado, não se aliena de seu plano de imanência para restar-se toda na transcendência, no plano de transcendência em que se situa o objeto referido;

a capacidade de produzir o conhecimento em bases descontínuas depende dessa evidenciação do corpo, da matéria do texto, de seus procedimentos, sua metodologia, suas referências, seus princípios e pressupostos;

com essa dobra o texto quebra com a idéia de unidade que sustenta essa impressão de continuidade;

o poder de redefinição do campo de sentido pela linguagem proporciona a ruptura de um contexto a outro que não só redefine seu campo de sentido como reescreve mesmo sua história com outras referências, outros sujeitos, outras configurações do poder, outros jogos de força;

opera-se com a articulação de duas instâncias, ou seja, a instância lingüística ganha densidade, passa a ser considerada como instância produtora de sentido e não mais como representação neutra de um suposto plano de transcendência;

o descontínuo visa exorcizar os condicionamentos das doutrinas modernizadoras, como o positivismo ou o marxismo, cumulativas e otimistas em relação à razão;
privilegiar o estudo das estruturas equivale a suprimir o determinismo histórico;
interessa a análise do contexto, inclusive e especialmente discursivo, como critério para o estudo de determinada estrutura;

é nesse processo, que será reforçado com o referencial teórico do construcionismo, que traz referências outras às tradicionais concepções do conhecimento, que conhecemos o deslocamento de um pensamento marcado pelo predicativo, pela atribuição de predicados a objetos em um campo de valores não-problemático, para um pensamento do relacional, da constituição dos planos de imanência, dos campos de sentido que fornecerão o eixo gravitacional dos enunciados;
em vez de referências fixas em plano pré-conceitual, como a natureza, o que se tem é plano relacional, definido a partir de conjuntos de relações que vão dar sentido ao constructo;

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