01 maio 2007



apontamentos gerais e delirantes para exceto quem não é

estivemos reunidos para debater a entrevista exceto quem não é de evc;
chama a atenção o autor não optar por fazer um histórico teórico da questão, optando por definir as balizas pessoais em relação ao tema;

a viagem que ele nos proporciona é interessante, pois ele demonstra que o processo de produção de subjetividades trata-se de um processo constituído historicamente, que o assumir a incessante produção de subjetividade, o incessante devir indígena é resultado de um processo que se deu a partir dos anos ditatoriais dos setenta, quando a intencionalidade política travestida de processo histórico quis dar cabo dos indígenas e estes tiveram que assumir sua identidade, voltar a devir indígena, deixar de devir branco, ou melhor, não-índio;
trata-se de um processo movido como coletivos constituintes de subjetividades que põem à prova o instrumental teórico da antropologia da época, que redefine mesmo, via política, a concepção de etnia e subjetividade dessa disciplina;

isso interessa na medida em que se compreende o processo de produção de subjetividades como um processo político de expressão na sociedade e que, portanto, possui prestígio político, implicando garantias políticas;
tais garantias inclusive repercutiram na constituição de 1988, que possui importância por colocar em pauta na lei suprema os sujeitos coletivos que, ainda que não sejam povos, aparecem como comunidades de direito;
a legitimação desses sujeitos coletivos desloca o sistema jurídico de seu modelo individualista e patrimonialista;

diferença para o autor não se trata de um bloco que garante a identidade ela contraposição a um outro bloco de características intrínsecas a outro grupo, p.e. brancos e índios;
diferença aqui é, sobretudo, diferenciação, processo incessante de devir, que escapa a qualquer substancilização;

outra questão para se poder pensar o contexto que envolve o texto, seu plano de imanência, será o projeto do autor de definir um complexo etnográfico para dar conta da concepção em que vem investindo há décadas, dando prosseguimento a investimentos de mauss, do estruturalismo levi-straussiano e especialmente a virada político-epistemológica com clastres, com a concepção fundamental, de inspiração foucaultiana, dos regimes enunciativos que são a chave dos araweté e a experiência principal que se desdobrará no perspectivismo;

o recurso é o da atualização do discurso alheio, atualização dos recursos enunciativos utilizados pelos indígenas não apenas como conceito, como categoria nativa, mas propriamente um método que possibilitará a proposta de uma epistemologia virtual que ao mesmo tempo que ela elaborada por clastres em termos filosóficos, foi colocada em prática, apropriada em seu modelos das máquinas de guerra;

máquinas ou maquínico é o caráter de produção da linguagem, que está para além da mera referência, da representação;
o maquínico está ligado àquilo que o milplatôs investe como pragmática e toda sua teoria da linguagem exposta em rizoma e a linguagem informativa e comunicativa;

toda a antropologia de evc está ligada ao maquínico por investir no que faz enquanto fala, por não cair na torpeza do referente, por estar colada todo tempo ao plano de imanência, referindo-se ao seu corpo;
isso é claro inclusive na entrevista com seus jogos de linguagem, metalinguagem, jogos de enunciação etc;

hoje pudemos tirar conclusões mais práticas com relação à aplicação desses conceitos que parecem tão estratosféricos; a referência metateórica é um embasamento para justificar o parecer;
o antropólogo pode fazer um parecer autoritário, que não problematiza a questão que lhe foi atribuída, questão essa que já lhe chega respondida, por ser uma questão politicamente comprometedora, que lhe identifica ao poder emanante, ao estado que enuncia a questão, que pede a perícia;

o fato de fato não é negar a perícia ou o poder do estado, o que pode equivaler a rasgar dinheiro ou qualquer outra insanidade;
trata-se sim, de problematizar a pergunta e revelar o processo histórico de conquista dos sujeitos coletivos na definição ou n constituição de sua identidade;
trata-se de tratar que a resposta a ser dada pelo antropólogo tem como referência mais esse processo que propriamente seu velho comprometimento com os projetos do poder;

quando o autor se refere à questão da pergunta e dos pressupostos que a sustentam está tratando o plano de imanência, o campo de pressupostos que vai dar sentido à pergunta, o qual não faz sentido quando se trabalha a partir da desmontagem do código de valores etnocêntrico;

o perspectivismo ameríndio opera na chave desse relacionismo que vai buscar nas relações sociais os princípios desse pensamento;
dois códigos sociais centrais para o perspectivismo são o relacionismo do parentesco e o relacionismo dos sistemas de predação;

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