27 abril 2007

idealismos 1

uma ética da construção histórica dos valores, definida por parte dos sujeitos do poder como o estado e as oligarquias nos possibilita, não chegar à verdade absoluta sobre o que são de fato os valores dos brasileiros;

o que essa análise permitirá será, a princípio, despistar o discurso conservador que tende a naturalizar a moral para que, desde o princípio, ela não seja objeto do pensamento, mas apenas sua imaculada condição, seu pressuposto, pré-existente e pré-definido;

tomar como objeto de pensamento equivale a dessacralizar essa ética idealista; vamos lidar com um conjunto de valores construídos socialmente, segundo as regras dos poderes dos homens que estão no poder e não governam idealmente para a população, principalmente numa província como o brasil, em que o povo é estritamente um projeto do estado, já que o outro povo, o da revolta e da luta, esse é caso de polícia;

o problema posto, portanto, não é a verdade dos fatos, e sim o problema da verdade;

como se pode afirmar uma leitura de fatos históricos e processos sociais, como é o Direito, desprovida de sua contextualização social, política, econômica?

seria, no mínimo, passível de suspeita, ainda mais quando (ou justamente porque) se pretende a verdade objetiva, neutra, absoluta;

creio, sobretudo, na vantagem discursiva de tal análise/prática, já que o que nela importa não é chegar ou não mais ou menos próximo de uma verdade pré-estabelecida, à qual se busca imitar ou aproximar;

a verdade aqui, a forma da verdade aqui é a de um devir, de um processo;

a análise dos enunciados é só (e tudo) o que se pode ter aqui; a verdade é a constituída pelos homens em seus discursos, por mais que esse material humano ainda seja desprezado em benefício do que se deveria ser, fazer ou pensar idealmente;

a análise dos enunciados do idealismo é uma possibilidade que não se restringe a refutar suas teses, e sim fazer sua crítica epistêmica, ou seja, a crítica do idealismo arraigado em nosso pensamento, enquanto, se estabelece, na própria prática um modelo de produção de conhecimento e verdade, o discursivo, contraditório à concepção idealista de mundo e pensamento;

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