04 abril 2007

políticas da natureza

define-se nesse sistema ocidental uma concepção de natureza determinada e determinante;

essa concepção de natureza como dimensão a ser mapeada e comercializada é projetada sobre um sistema ao qual essa natureza é (ou pode ser, virtualmente seria) estranha;

essa noção de natureza se associa ao princípio de separação entre homem e mundo, cultura e natureza;

essa separação da natureza define nossa epistéme, que concebe uma ciência da observação, da explicação, da objetificação;

a esse pensamento, quero contrapor um pensamento selvagem virtual que opera segundo a lógica da implicação, de óbvios desdobramentos nas relações de poder que envolvem o saber num país como o brasil, em que os centros produtores de pesquisa ignoram os conhecimentos populares justamente por se definirem, socialmente, em oposição a esses saberes (ruptura epistemológica);

essa ignorância define o alto custo que se paga agora, quando nos encontramos francamente despreparados a lidar com esses, agora!, tão valiosos conhecimentos tradicionais, devido à burocracia da mentalidade academicista, obediente ao positivismo provinciano, este sim contribuição de nossa criatividade intelectual para o universo da ciência oficial;

naturezas da natureza

esses modelos determinam e são determinados pela concepção de natureza formulada nos distintos modelos;

enquanto no objetivista a natureza é tomada como dimensão exterior do conhecimento, espécie de plano pré-conceitual, segundo a lógica da implicação, a natureza se define como um sistema aberto, a um processo mais que a um produto;


para formular uma imagem dessa contradição entre concepções de conhecimento que são agora nivelados tendo por parâmetro o mercado, o valor de troca, tomo a imagem de mãos que guardam segredos;


enquanto se acredita, com a explicação, capturar-se a natureza num gesto típico do capitalismo (agarrar, pegar, segurar, guardar) que transforma tudo o que toca em mercadoria, propriedade (sejam sementes, palavras, qualquer coisa), opera-se na perspectiva segundo a qual os índios são considerados guardiões dos segredos da floresta;

nessa perspectiva, o segredo é reificado, torna-se objeto, mercadoria e, portanto, propriedade;

segundo essa lógica, o segredo pode, assim, ser comercializado através de contratos comerciais com grupos interessados em comercializar esse produto em escala industrial, o que se chama agregar valor;


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