06 abril 2007

de mãos beijadasO Governo brasileiro adota, em sintonia com o mercado internacional o sistema de softwares livres, sem copyrights.
Ainda em sintonia com o lobbys internacionais, elabora uma liquidação dos conhecimentos tradicionais, se deixando levar pelo espírito anti-democrático, numa nova incursão sobre o potencial de resistência renovado das sociedades indígenas que nos últimos anos tem definido importantes conquistas no estabelecimento da gestão de seus territórios.

Será possível que mesmo sofrendo todas as pressões tanto dos quinhentos anos de opressão da sociedade, bem como de grupos internacionais que investem das formas mais covardes sobre sua cultura, como no caso das missões evangélicas internacionais, essas sociedades podem ameaçar a soberania do estado liberal brasileiro, que de democrático só tem o uso do conceito, com seu valor no mercado de conceitos.

Se podemos fazer essa leitura da atitude entreguista do governo brasileiro diante do mercado dos conhecimentos tradicionais – e essa semana o Bush falava de abertura de mercados brasileiros –, não colocarei que "apesar de sobreviverem ainda ameaçam o Estado", e sim que "justamente por sobreviverem - e mais fortes - a esse Estado, é que as tememos".
E para tanto, para o processo de descaracterização e etnocídio que ainda não levamos a cabo, descobriu-se agora este novo recurso, o mercado de patentes.
***
O campo em nos encontramos é o do novo debate em torno dos conhecimentos tradicionais.
Hoje os conhecimentos tradicionais são definitivamente considerados como conhecimentos validados para entrar no mercado e substituir verbas em pesquisas científicas.
O reconhecimentos dos saberes tradicionais finalmente, chegou ao mercado, mas pela porta dos fundos.
Ao invés de vir pelo reconhecimento das universidades, chegou até nós pelo supermercado.
Não é de se espantar, dado o preconceito da idade das trevas que vivemos nas disputas acadêmicas pelos nichos de mercado.
Seria reconhecer o produto do concorrente.
E, nesse caso, nosso universo acadêmico já é cientificamente competente em termos de metodologias de desqualificação e refutação do saber alheio.
Afinal é essa a postura do conhecimento ocidental da matriz histórico-transcendental, a concorrência.
Portanto, não se poderia associar o conhecimento científico ao saber tradicional, pois o saber científico se afirma em contraposição a este. Ele poderia então cair numa crise de personalidade.
Falar de patrimônio nacional num contexto desses é de fazer rir. Nosso saber acadêmico científico estabelece convênios com os mais diversos países ricos do mundo em troca de experiências, disponibilizando a esses países nossas inovações, nossos produtos etc na esperança de verbas de pesquisa.
Por outro lado trata as suas próprias fonte de conhecimento popular, de conhecimento milenar, a sua ciência tradicional não só como algo desprovido de valor, mas como algo que deve ser depreciado, para que se engrandeça e progrida a ciência.
Qual a surpresa dessa mentalidade provinciana, que há tempos vinha apresentando como tradicional uma cultura europeizada por ter vergonha de sua herança cultural.
Pois qual a surpresa dessa mentalidade provinciana ao ver o mercado de saberes, e seus respectivos direitos autorais, globalizar-se diante de seus olhos e transpor o valor da pesquisa acadêmica com o dos conhecimentos tradicionais, já que esses são tão desvalorizados, que nunca nem foram reconhecidos como saberes, de modo que foram tratados como as florestas que são tão grandes que parecem inesgotáveis e, afinal de contas brotam em qualquer lugar.
Assim, esses conhecimentos são considerados, para com os estrangeiros, pois para a ralé dos invasores de propriedade, temos a nossa polícia particular, foram considerados patrimônio da humanidade.
E como ficam os provincianos agora. Com cara de gigolô que perdeu a vez...

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