09 março 2007

opacidade e transparência bush e o brasil
é digno de nota na história do brasil, da construção dessa abstração ou desse projeto brasil, povo brasileiro, nação brasileira, a peculiaridade de certas características de como se mantém o poder;
durante vários períodos históricos o brasil vive a força da unanimidade em relação ao poder;
a falta de rupturas históricas significativas que tirassem o poder da elite européia que aqui chegou há quinhentos anos, fez inclusive, recair sobre nós a alcunha de república das (dos) bananas;
maldade falar assim, houve sim muito sangue derramado, cacique lutou que eu vi;
mas não é o nosso passado de gloriosos seringueiros assassinados que quero devir, mas o outro lado da moeda;
quero devir o trabalho sobre nossa imagem e o colocar no papel o que significa, quais os sentidos, melhor dizendo, e suas conseqüências, desses momentos, dessas políticas de unanimidade;

todo o processo de construção do brasil foi feito de fora pra dentro, sustentado artificialmente por designers do poder;
do império á ditadura, incluindo repúblicas e a atualidade, o brasil passa por momentos de crise de identidade;
é essa crise a que me refiro quando no momento de fazer a política mais suja do neoliberalismo, depois que o mercado ocupou o controle dos mecanismo de governança centrais, a esquerda é convidada a tomar o “poder”, um poder restrito e predeterminado, com roteiro e tudo, mas com pompa e circunstância, como convém ao poder;

anula-se o lugar ocupado em nossa compreensão do mundo pela resistência oficial ao liberalismo e cria-se um campo no qual as antigas referências políticas não tem mais funcionalidade, no qual se deve redefinir o discurso;
num primeiro momento, o espírito tende à ironia, nos tornamos irônicos;
é ela que ocupa o lugar do discurso crítico, de resistência e mesmo de ressentimento de quem nada pode fazer, mas que encontra ainda um campo, ainda que seja para protestar, reclamar ou lamuriar;
quando o poder nos priva desse espaço público, dessa esfera pública, quando a política dá lugar ao despotismo, entra-se num plano homogêneo, em que o par identidade/alteridade se dissolve;
o déspota é o pai: trazemos, portanto, o problema do poder da esfera pública para a esfera privada, estamos em família;

quando não se sabe mais quem é o outro e quem é o eu, esse plano de homogeneidade que se cria e recria constantemente na distribuição do poder e sua apropriação pelas pessoas, ou na apropriação que ele faz das pessoas;

chegando aí, será interessante devir em como isso foi incorporado em nossa cultura, em nossos hábitos involuntários, só percebidos por antropólogos, estrangeiros ou alienígenas;


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