25 fevereiro 2007

tecnologiastecnologia de manejo
trabalhei alguns meses num curso de formação de manejadores;
trago de lá algumas experiências com que tenho refletido;
a noção de técnica do jovens formados para operar como técnicos nas áreas desconhece o conhecimento dos extrativistas que vivem na mata;
garotos da cidade se colocam diante dos comunitários em posturas arrogantemente etnocêntricas;
esse comportamento em minha observação está estreitamente ligado à relação valorativa de sistemas de conhecimento: tema chave que conduzia nosso processo de formação via pesquisa, cujo título é: saberes da floresta;
fui escalado para dar o curso que os preparasse para a pesquisa;
depois de uma preparação, versando sobre o caráter humano do manejo, antes do grupo entrar na máquina tecnicista do manejo oficial, tratou-se o conflito dos modelos de conhecimento em contato;
optei por não manobrar antropologicamente tais sistemas de conhecimento, e sim dar a conhecer aos cursistas que se opera com saberes diversos; pelo menos o saber técnico dos técnicos e o saber da floresta;
a experiência era bastante forte e reveladora, com direito a conflitos diretos e muitos mal entendidos;
na maior parte dos mal entendidos, os jovens técnicos da seater tinham dificuldade em reconhecer e operar com elementos do saber da floresta;
a princípio, todos reconheciam que havia saber naqueles grupos e tal, mas na hora de colocar pra fora suas reflexões e aprendizados nesse mundo, ficavam perdidos no seu universo de conhecimento e acabava caindo muitas vezes em leituras preconceituosas desse saber;
era o resultado, acredito, do seus estudos e de suas práticas junto aos extrativistas a quem davam assistência, bem como de seu universo de técnicos e o que eles trocam de suas experiências;
já os comunitários não tinham dificuldade em reconhecer e expor as especificidades de seu próprio saber;
as exposições eram variadas, complexas, concretas, com direito à amostragem de artesanatos com sementes e sapatos de látex;
penso que tive uma experiência viva do que tentarei explorar no sentido de rever e criticar o conceito de técnica e tecnologia sustentado em nossa cultura ocidental;

assim, quando se fala em tecnologia no manejo, a imagem de tecnologia que se projeta está associada à uma noção de técnica própria à cultura ocidental, como todos os cacoetes e idéias fixas;
reconstruir a noção de técnica no âmbito dessas culturas é um ponto de partida para se poder falar em tecnologia de manejo;
no entanto, penso que tal problema só poderá ser colocado a partir dessa distinção dos modelos de conhecimento e seu conflito inerente;

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