14 fevereiro 2007

reflexões sobre a última reunião do núcleo de antropologias e florestas apresentação
conceitos que chamam a atenção a serem aprofundados cultura e sociedade, contrapontos da natureza;
um ponto: essas “sociedades particulares” (sempre parece se ter como eixo gravitacional político, ou melhor valorativo, os aglomerados urbanos) tem uma relação constitutiva com a natureza;
a construção histórica (talvez a luta pela sobrevivência ameaçada por estado, sociedade e mercado) é um viés de abordagem para a concepção dessas comunidades, pois a história foi um instrumento importante na sua constituição;
outros pontos abordados foram o contraponto rural/urbano, a organização em produção familiar, a floresta como espaço específico;
o tradicional é um problema a ser desenvolvido, aparece de formas diversas em diversas abordagens;
é elemento da política ambiental, contrapõe características internas e externas;

objetivos
o que será do futuro x o que será do presente;
o problema inicial é uma reflexão sobre a noção de desenvolvimento (o mito do desenvolvimento) através de uma reflexão crítica do desenvolvimento;
alguns conceitos que atravessam essa abordagem são: direitos, qualidade de vida, sustentabilidade;
retomar a variedade de concepções de desenvolvimento, problematizando suas especificidades: concepções de governos, comunidades, pesquisadores, ongs etc;
lembre-se que a noção de desenvolvimento traz em seu bojo a dinâmica de progresso (ordem e progresso), linearidade, consecução, fim etc;
o cuidado com os conceitos: operar com eles como construções e não pega-los como se já estivessem prontos, o perigo das unanimidades;
o modelo sócio-histórico do contraponto dialético e seus perigos: construção de uma subjetividade seringueira nos moldes de uma nova revolução acreana: seringueiros versus capitalismo (patrões, pecuária, grileiros, paulistas, fazendeiros etc);
parece que a noção de desenvolvimento implícita nessa história leva longe;
a tragédia dos comuns: a perspectiva liberal do globalismo sobre as últimas sociedades que resistem (o que será resistir?) ao mercado global;
problema antigo (mas nem tanto) no discurso do brasil: entre liberais e democratas vamos nos adaptando no caminhão de melancias do capitalismo global;
o brasil se insere, não quando abastecemos o mercado e a produção mundial com matéria prima ou produtos primários, e sim (de novo o mercado) quando criamos um mercado de escravos, quando nos tornamos importadores de escravos;
as abordagens sociológicas a serem feitas do problema do extrativismo parecem bastante interessantes na retomada de problemas como o autoritarismo na constituição política, a constituição dos movimentos sociais e sua marginalidade na sociedade brasileira entre outros temas já clássicos da sociologia brasileira;
sugiro que se faça uma retomada da antropologia brasileira e da antropologia do brasil, percorrendo temas caros à essas sociologias: o conflito público/privado, o autoritarismo da sociedade escravocrata, a organização patriarcal, o patrimonialismo, o conflito entre discursos liberal e democrático na constituição de um estado, movimentos populares como caso de polícia e de política etc;

linhas de pesquisa
a primeira linha de pesquisa problematiza a noção de natureza (conceito, referente, contrapontos);
fala-se em crise do extrativismo tradicional e cooperação internacional na constituição das resex: pontos interessantes;

na abordagem dessa primeira linha de pesquisa surge o problema da definição metodológica que deve conduzir o tema e mesmo o horizonte hermenêutico do núcleo;
o perspectivismo parece ser uma condução interessante, mas parece sustentar pressupostos idealistas que parecem não fazer muito sentido diante dos problemas factuais, empíricos e reais;
diante desse quadro, o melhor a se fazer parece ser retomar a velha sociologia e a etnografia objetiva para dar conta dos velhos problemas;

porém...
um ponto a ser problematizado é o da contraposição entre universo simbólico e mundo empírico;
essa contraposição só se faz no sentido de entender a articulação dessas duas instâncias, não existem como dimensões separadas, o mundo simbólico não é uma construção a partir do mundo empírico, e sim uma construção desse mundo;
borges e a literatura fantástica, que tematizam problemas como a percepção, a memória, o virtual, e principalmente a criação literária, a chamada paraliteratura, exploram o que há de insólito nesse mundo, ou melhor, nesses mundos, ou melhor entre esses mundos;
no entanto, esse é um buraco sem fundo, fiquemos com a história que é uma chave clássica para problematizar o universo das representações;
a história como um intensificador de poder, pode-se partir da frase de foucault para e pensar a natureza da história;
separando-se, a partir daí, o discurso histórico da realidade (objetiva) dos fatos (aquela do positivismo), pode-se liberar a história (o discurso histórico) para intervir na (construir a) realidade dos fatos;
portanto, separa-se as duas instâncias (para não confundi-las) para se compreender a natureza de cada uma, sua materialidade epistêmica, e voltar a coloca-las em contato, utiliza-las;
entendendo-se a materialidade e o uso das instâncias, pode-se tornar a confundi-las, a sobrepô-las, agora com outro resultado, numa outra direção;
se antes (parecia que) o discurso histórico era determinado pelos fatos, nessa outra sobreposição vemos os fatos serem determinados pelo discurso histórico;
(contribuição de natália: relata o enredo do filme o príncipe, de ugo giorgeti;)

é algo bastante próximo disso que tenho tentado definir como a natureza/constituição política do discurso, criando uma noção de política que opera na chave (dessa crítica) da representação;
não é politizar a representação, mas definir o caráter cultural/constitutivo do político, o político como construção política;
uma abordagem construtivista do político remete à própria gênese do conceito = político = polis;

numa análise que tenho dado curso em minhas reflexões, a aliança entre discurso histórico e discurso jornalístico, ou seja a constituição de uma elite acreana que atua nas comunicações, é resultado da construção histórica do estado a partir dos movimento social dos seringueiros;


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