25 fevereiro 2007

centro e periferia
desde a suas matrizes, o pensamento ocidental remete ao uno, a um centro, a um centrismo;
assim é com seu discurso teológico elaborado no horizonte do monoteísmo;
assim é com a macro noção de objetividade que redunda num método e numa concepção própria (e que pretende ser a própria, a universal) que cumpre o papel de expropriar o poder político e a eficácia simbólica do discurso religioso, substituindo-o pela representação laboratorial e suas experiências perceptivas (que manda a noção de representação política para um sentido bem distante daquele que com ela compartilhava);
com o pensamento científico, funde-se mesmo a dimensão do perceptível (também articulada no religioso) (por meio da qual se conduz ao bom pensar, ao pensar racional) da experiência do mundo com sua reprodução sígnica, a representação;
se o campo em que se dá origem à antropologia é marcado pelo etnocentrismo, ela rapidamente se fundirá com seu objeto, um objeto pensante que põe a perder todo o modelo de pensamento objetivista, criando um campo de experiência epistemológica distinto daquele que era o de seu ponto de partida;
o pensamento do central, do uno, da referência só pode ser definido pela perspectiva do marginal;
por isso é que será o pensamento selvagem (ou infame se pensarmos com foucault e sua máquina de desmontagem discursiva) que possibilita uma perspectiva diversa daquela homogênea conduzida pelo pensamento científico, definido a partir do quadro de valores que lhe garantiu projeção política, a chamada, equivocadamente se me permitem, razão instrumental;

interdependência entre centro e periferia
por vezes parece haver uma aliança entre esse pensamento etnocêntrico, voltado para o centro do pensamento ocidental, e essa ciência marginal, cujo centro é a linha limite onde o pensamento passa a se indefinir, a se tornar difuso;
a antropologia é criada no cerne do pensamento etnocêntrico, trazendo, no entanto, em si, o germe de sua oposição, de sua desconstrução;
há uma interdependência entre a homogeneização em que consiste a construção da identidade da ciência, sempre contraposta ao, até então, hegemônico discurso religioso, e o caráter heterogêneo (e heterogeneizante) antropologia, que constituirá um discurso da alteridade não só do homem ocidental, mas principalmente de seu pensamento, que se forma a partir de características psicológicas bastante similares a esse homem;
só se reconhece

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