31 janeiro 2007

rizoma: traduzindo; um emaranhado de questões, sem pé nem cabeça, mas com um corpo (sem órgãos)
iniciando a série antropologia e política (o desafio[desabafo, desaforo]) parte 1
a casca e a nervura do real
parece que a questão com o luiz se deu quando questionei a distinção clássica que constitui a metafísica: a distinção entre essência (ser) e aparência (parecer);
quando coloquei que suprimir essa distinção é um dos exercícios do paradigma do qual evc faz parte, tomou-se como se estivesse me posicionando (e de fato estava) dogmaticamente (mas não dogmaticamente) a favor da aparência sobrepondo-a à essência;
ele dizia que para ele existe um eixo, um essência, ainda que essa essência não seja judaica, mas que seja simplesmente transcendental: a força;
no entanto, foi o judaísmo que patenteou, antes de mais ninguém, a transcendência e assim, hoje, para se pensar nessa chave transcendental temos que pagar os tributos devidos a esse pensamento;
para qualquer exercício de saída ou pelo menos de estranhamento em relação a esse eixo do pensamento ocidental, inicia-se pela problematização de tal eixo: o que faz o autor estudado em seu questionamento sobre a noção de natureza e seus fundamentos;

a saída que encontrei foi pelas máquinas de guerra, quando a antropologia se descobre como contra-antropologia ao munir-se de instrumental político com clastres por exemplo, em que a dinâmica discursividade, política, antropologia: resulta na mistura explosiva as máquinas de guerra;
antropologia política, portanto, só pode ser contra-antropologia, ainda mais depois de termos estudado com foucault o caráter político (colonialista) que define o saber antropológico;
a postura antropológica, o olhar antropológico possui uma natureza política, o próprio saber só se define em função da política;
por isso a necessidade de se definir especificidades que atravessem a noção de política aqui elaborada;
essa noção de política se alimenta de todo o debate que atravessa o século vinte nas obras de nietzsche, foucault, deleuze e, de um jeito ou de outro, dos demais pensadores: o debate sobre a representação;

luiz argumenta que não se trata distinguir essas esferas e sobrepor a aparência sobre a essência, as essências se equivaleriam aqui ou em qualquer outra cultura, visto que o que interessa é o movimento de voltar-se para a “essência transcendental” (força superior);
é assim que ele alinha a transcendência indígena a todas as demais transcendências, como se fosse um privilégio projetar a transcendência indígena ao lado dos demais panteões místicos das diversas culturas: hinduísmo, budismo... e xamanismo;
recai-se no multiculturalismo bíblico ou globalista;

no entanto, o que o perspectivismo propõe é uma máquina de guerra: elaborar um pensamento virtual indígena a partir do xamanismo que se constitua em bases imanentes e não transcendentes;
o animismo é lido, assim, numa chave da imanência, ao invés de ser tomado como projeção, como fora nas velhas interpretações do pensamento indígena;
aliás, tais velhas interpretações do pensamento indígena é que se caracterizaram por uma abordagem de assimilação do pensamento indígena: assimilar a mística indígena à religiosidade cristã, hindu, budista... buscando por vezes paralelos históricos e arqueológicos que justificassem tal assimilação;

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