23 janeiro 2007

o perspectivismo de matrix
matrix opera no multinaturalismo, procura desprender a gente da univocidade que caracteriza nossa visão ocidental, abrir nossa percepção para uma multiplicidade de mundos infinitamente mais veloz que a multiplicidade de culturas do multiculturalismo;
a cena central do filme é a visita de neo ao oráculo: neo havia testado seu poder inicial de superação da unidade da natureza (sua fé na matrix) e caído de cara no chão (todos caem na primeira...);
neo já havia passado pela experiência corporal, orgânica, física de ruptura com a matrix ou a natureza, já havia passado pela experiência limite de reconstituição de seus músculos, mas sua percepção ainda não havia sido redefinida e é isto que o faz cair;
a cena do oráculo é um desdobramento desta cena, o problema é o mesmo: romper com a unidade onipresente da matrix, da natureza;
a chave desta cena é a colher: there’s no spoon: esta é a lição perceptiva que lhe permitirá superar os problemas colocados a partir da decisão intelectual (buscar morfeus);
com essa chave o personagem redefinirá sua percepção e, com ela, a sua concepção de o que é a matrix, ou o que é a natureza;
pode-se pensar que nos encontramos nessa experiência intelectual e, sobretudo, perceptiva de redefinição de nossa epistéme, de nossa matriz de conhecimento a partir da redefinição do conceito de natureza fornecida pelo perspectivismo e sua teoria virtual da natureza e da cultura;
foi o que se fez: redefinimos a noção de natureza, e seus pressupostos, ao inseri-la, ou melhor, desenha-la a partir dessa epistemologia indígena e sua teoria virtual;
pra concluir, talvez essa não seja a cena central do filme, afinal não se pode penetrar nesses desdobramentos antropológicos do filme enquanto não tivermos escolhido pela pílula vermelha, até aí estaremos detidos por nosso senso crítico que não permitirá observarmos essas dimensões perspectivas sobre as quais o filme reflete e tudo fica parecendo pura imaginação;
mas não é?...;

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