14 janeiro 2007

o engraxate engraxado
o regime enunciativo, assim, pode definir a propriedade formal da linguagem áudio-visual, aquilo que constitui sua força expressiva em termos antropológicos;
a experiência demonstra uma infinidade de possibilidades discursivas de articular essa linguagem e suas propriedades com a pesquisa antropológica;
temos um exemplo simples e prático tomado do filme de paulo sacramento, o prisioneiro da grade de ferro;
com recursos simples o autor elabora blocos conceituais: com a inversão da implosão do carandiru ele reconstrói filmicamente sua realidade, nada será representado, a linguagem é pura produção;
é o que se verá nos diários construídos pelos detentos, técnica simples que define o caráter antropológico de um filme cuja problemática teria toda chance de cair no sociologismo descritivista;
não é isso que se vê, o que se vê são perspectivas inusitadas, recortes originais, tema impensáveis, aspectos incognoscíveis, a que não se teria chegado não fossem auto-retratos;
o filme de fato propõe uma experiência de linguagem, cria-se como experiência de linguagem antropológica original, elabora uma experiência de pesquisa antropológica com recursos próprios do audiovisual;
tratar o outro como objeto não se trata de um problema moral, como todo público que ouve a expressão faz parecer, é procedimento tão comum que poucos dele se apercebem o quanto recorre;
certo que possui sua especificidade política – aliás, é o problema político por excelência –, entretanto, para esta ser devidamente dimensionada passa-se pelo crivo de seu entendimento técnico, narrativo, discursivo, enunciativo;

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