21 janeiro 2007

do documentário e sua edição 1não descrever um determinado tema, e sim mergulhar num determinado tema buscando-lhe os recursos de linguagem viabilizados por esse tema;
não se manter determinado pela exterioridade, pela transcendência, pela descrição de um objeto externo ao filme, risco que corre e de que são vítimas a maioria dos documentários;
o documentário recria o objeto e essa autonomia é um recurso de linguagem;
a concepção objetivista e empirista que marca o documentário com um tom jornalístico, afastando-o ou contrapondo-o à ficção é estraçalhada no clássico documentário o homem-camêra, de dziga vertov;
o jogo dos planos realidade/ficção fazem do filme um discurso filosófico sobre os limites da distinção e da indiscernibilidade entre mundo produzido (realidade, documentário) e produção de mundo (ficção, filme);
tem-se a captação de imagens, a edição, a exibição, todas essas dimensões jogando com a idéia de construção de realidades e realidades que estão além da possibilidade de criação do artista, que o transcendem;
autonomia da linguagem e autonomia do mundo;

temos no filme de vertov uma das mais belas cenas que se passa na moviola, na mesa de edição;
é nesse momento de aguda metalinguagem que se tem experiência de materialidade do filme: pega-se a película na mão, em sua materialidade;
a imagem estática nas mãos da editora, o feminino chama a atenção, é contraposta à imagem em movimento num discurso metalingüístico de primeira;
não é possível manter a mesma concepção descritivista de documentário, que cinde o mundo em dois, depois desse filme;

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