20 dezembro 2006

vozes
a constituição de um eixo que possibilite articular a palavra mística inspirada do canto guarani – e seu regime enunciativo apropriado no próprio corpo de profetas na selva – com a escrita no corpo das sociedades de marcação do apocalíptico da tortura nas sociedades primitivas é a tarefa que se impõe novamente;
algo que se notou a princípio refere-se a sua intenção de colocar em questão, inicialmente, os valores pressupostos nos conceitos utilizados e na abordagem própria à antropologia;
o valor negativo que carrega consigo a noção de primitivo, e, por conseqüência, o positivo sob a de civilização;
outro ponto que não foge nos debates dessa obra é sua referência intensiva à linguagem, linguagem do nativo, do indígena, a importância da linguagem para o guarani, as belas palavras como discurso inspirado e cumpridor dos procedimentos próprios aos jogos discursivos típicos do xamanismo guarani, bem como de outros xamanismos;
já é clastres que define o xamanismo por sua especificidade não só lingüística, mas discursiva, e não só discursiva, mas enunciativa;
a contribuição desse sistema de pensamento, que trafega nos textos de clastres da especificidade mística às propriedades políticas, vai se desenhando como máquina de guerra, detonando a natureza política da linguagem e da antropologia, ou seja, da implicação política da linguagem na antropologia;
esse é o viés para percorrer o fio político que conduz ou corta da obra de levi-strauss à obra de eduardo viveiros de castro passando por foucault e clastres;
a linguagem como dimensão em que se dão esses jogos enunciativos, esses diálogos, as superfícies em que se dão essas aberturas de sujeitos discursivos;

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