22 dezembro 2006

problema fundamental desta abordagem deste tema: a subjetividade, a construção da pessoa no âmbito da etnologia brasileira: sua contribuição política;
em que medida o tema da construção da subjetividade, do processo sujeito e não da coisa ou substância sujeito, de um devir mais que de um ser, pode nos conduzir ao centro do problema político;
interessa, portanto, não apenas a quantidade de recursos conceituais propiciados pela abordagem do tema da pessoa nas sociedades indígenas, primeira dimensão do texto, e sim sua imanência, essa segunda dimensão da prática que se realiza no texto enquanto ação: não apenas do que se fala, e sim, também, o que se faz;
seria a abordagem de uma forma de subjetividade cristalizada, substancializada no próprio pensamento ocidental como uma descoberta científica que precisaria ser levada aos povos sem sujeito;
nietzsche já dizia que a única psicologia é a do padre...partir de uma crítica da concepção de sujeito ocidental e seu procedimento metafísico de constituição, cuja sede é a consciência socrática ou a alma cartesiana, é um adianto para a revisão de nossos pressupostos etnocêntricos;e partimos então do corpo como superfície de inscrição da subjetividade, como elemento estranho do pensamento nativo, espécie de vírus do pensamento nativo que promete danificar por completo nosso sistema se rapidamente não se propuser uma redefinição de nossos pressupostos epistêmicos;outro problema que se levanta a partir das definições de antropologia propostas pelos programadores, é o do lugar que tem as cosmologias indígenas, as formulações nativas em nosso processo de construção de antropologia;de um lado se tem o pensamento indígena, sua configuração cultural e de outro é contraposta a realidade empírica do antropólogo, à qual só tem acesso o mito da ciência universal que descobre inclusive o multiculturalismo;
o corpo como campo em que se produz a subjetividade, zona em que se indistinguem natureza e cultura;
num idioma próprio, num regime enunciativo específico que coloca a perder mesmo nossos fundamentos lógicos (do um sem o múltiplo);
pois corpo não se retringe aqui à fisiologia, já que se adianta às trocas e transformações próprias das instituições rituais nativas;
os fluxo de diversas naturezas atravessam o corpo, redefinindo-o segundo esse devir, desubstancializando-o e instalando nele essa natureza dinâmica;

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