
qual seja: a filosofia socrática apóia-se sobre a noção de consciência, é à consciência racional que se reduz essa subjetividade, a qual se define por sua natureza transcendente;
tal supremacia da consciência, que define a imagem do homem ocidental, do homem racional de descartes, conduz e se articula com o idealismo platônico, como apropriação filosófica da metafísica, com sua assimilação enquanto sistema filosófico racional que divide o mundo numa dinâmica da dualidade;
o sujeito dessa subjetividade conforma-se ao ser mais que ao devir, essa subjetividade é marcada pela naturalidade;
a essa concepção de uma subjetividade naturalizada nietzsche propõe passar por sua máquina genealógica: não se trata de submeter essa concepção de subjetividade à história, a qual está inscrita nesse mesmo processo, mas de despistar a história com sua dinâmica tendenciosa;
para isso o autor nos serve da genealogia: convida-nos a uma ficção histórica, a uma história do que poderia ter sido – bem diferente de uma história do que foi: trabalha-se aqui no campo do devir, onde se opera por virtualidades e atualizações, e não por modelos e cópias, ou por verdades e mentiras – e o que poderia ter sido é uma ficção na qual a dor ocupa lugar central, típico do pensamento trágico;
a dor aqui se apresenta como elemento que possibilita a configuração histórica, ou melhor, genealógica da consciência;
é a dor o instrumento de escrita criado pelas sociedades de marcação, instrumento que cria as condições para o desabrochar da consciência;
imagem da consciência bem distinta, essa constituída no universo ritual das iniciações, daquela narrada nas mitologias, nos gênesis, em que a consciência se define em uma origem divina e desse dos céus cercada de anjos;
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