21 dezembro 2006

corpo3
imagem da consciência forjada no couro e no sangue, nos músculos, distinta dessa imagem da mitologia ocidental que configura nosso modelo de conhecimento positivista, a qual não considera a configuração histórica, política ou cultural da forma sujeito, já que esta é um pressuposto – o pressuposto que possibilita a continuidade do discurso mítico ao discurso científico e vice-versa;
essa é uma proposta de processo de desmontagem do sujeito ocidental, de sua neutralidade ingênua para uma sua circunscrição não apenas histórica mas propriamente epistêmica;
aqui, novamente, ou melhor, constantemente a natureza política dos processos é imanente à construção do conhecimento;
essa dor, estranha ao homem ocidental da lei escrita no papel indolor, do espaço social construído separado da sociedade com suas caóticas dinâmicas políticas avessas à ordem social;
essa dor é apropriada por clastres como signo potente das máquinas de guerra, da possibilidade de criar uma antropologia dos avessos, para além inclusive de uma suposta antropologia simétrica, já que fundada na dissimetria;
eis aí o desafio de articular o sistema de conhecimento xamânico, representado aqui pelos jogos enunciativos, próprios dos cantos indígenas, e a corporalidade, essa socialidade do rito;
como se inventa o sujeito, e – preocupação decorrente dessa – como se inventa o sujeito que inventa, ou sujeito do conhecimento: eis, talvez, o questionamento antropolítico mais importante por agora;

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