25 dezembro 2006

construção da antropologia2
o percurso feito para chegar aqui pode ser acompanhado nas descobertas dos regimes enunciativos dos guarani e seu emprego no texto antropológico, para citarmos o exemplo de pierre clastres;
a antropologia, em sua redefinição, sua ruptura com essa tradição do pensamento de matriz, que irá culminar no positivismo como momento marcado pela decadência desse pensamento, descobre um veio de exploração: o embate entre universos de conhecimento;
depois de séculos de promoção do etnocídio via máquinas religiosas de conversão e máquina científica, a antropologia se volta para sua própria prática, o caráter etnocêntrico de sua abordagem do conhecimento;
a antropologia hoje não pode mais ser uma antropologia descritiva, que não passe por uma reflexão detida sobre a natureza do conhecimento, principalmente sua natureza política, diria político-epistêmica;
para não se limitar a uma crítica teórica do conhecimento que não teria muito a contribuir à prática da antropologia, os procedimento discursivos para agenciar vozes, pensamentos alheios são valorizados ao longo da construção dessa antropologia;
quando mauss propunha se pensar com o pensamento nativo, talvez não tivesse idéia dos desdobramentos desse princípio;
com lévi-strauss e a descoberta (lingüística) da dimensão formal do texto antropológico, coloca-se em jogo discursivo voz do xamã, dicurso do xamanismo e voz do antropólogo, discurso antropológico;
enquanto lévi-strauss envereda pelas estruturas dos mitos, buscando fundamentos para um pensamento selvagem via construtivismo, clastres descobre no saber ritual, no regime discursivo dos cantos sagrados guarani um instrumento que possibilitará um salto em relação à eficácia do pensamento indígena, a seu rendimento metodológico;
pois é, aqui, nos regimes enunciativos elaborados na ritualidade indígena, em seu sistema de cantos, está a chave para a compreensão da transposição epistêmica que se propõe fazer nessa redefinição da antropologia;

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