26 outubro 2006

Culturas de fronteira ou cultura de fronteiras

A rota do Pacífico é um filme de estrada. Pega o percurso que liga Rio Branco, capital do Acre, a Lima, capital do Peru. Parte da Amazônia brasileira, passa pela boliviana, adentra a peruana, atravessa a Cordilheira dos Andes até chegar ao Pacífico.
Essa constituição física híbrida do caminho, entre a Amazônia e os Andes, conduz o filme. Dilui-se a fronteira entre o econômico e o cultural. A estrada passa a ser o fio narrativo que nos leva por esse encontro de culturas.
Trafegar então entre fronteiras físicas e políticas confere a experiência da dissolução das formas homogêneas a que nos habituamos no cotidiano, formas as quais delineiam nossas identidades.
O mapa desenhado pelo filme descreve fronteiras culturais. No entanto, tais fronteiras não são linhas divisórias que distinguem homogeneidades, são zonas de vizinhança que se espraiam configurando um mapa cultural difuso.
Os personagens que constituem o filme, dos rios à vegetação, dos pássaros às pessoas, fulguram esse trânsito, essa confluência.
Assim, identidades são redefinidas. Imbricam-se clima e vegetação, pássaros e morfologia, pessoas e rios. Do econômico ao cultural, da cidade à floresta, do físico ao humano.
Daí a originalidade do filme, que atualiza o difícil tema do sincretismo próprio às culturas, sobretudo à latino americana.

Visitor Map
Create your own visitor map!