12 setembro 2006

situando a memória na imanência dos fatos, o ano certamente era 1999, auditório da história, na faculdade de filosofia, letras e ciências humanas;
era dia de aula da professora marilena chauí, uma conferência aberta, o tema que a memória guardou: a constituição do sujeito de conhecimento na teoria do conhecimento;
começamos com um quadro da filosofia moderna do século dezesseis e dezessete; da retomada medieval da filosofia grega ao racionalismo cartesiano, chegamos ao problema do sujeito do conhecimento implicado na produção do mesmo;
de um quadro no qual o sujeito do conhecimento está fora, olhando o objeto de conhecimento com um olhar explicativo, nos desdobramos num método de implicação, que passa a considerar o pensador como elemento constituinte do saber;
essa mudança de perspectiva implica numa ruptura com um paradigma, com um modelo de organização do conhecimento, que prima pela objetividade e a neutralidade;
características como objetividade e neutralidade na descrição do objeto de conhecimento, modelo das ciências exatas, duras, são características próprias ao pensamento racionalista;
colocando o problema em termos de linguagem, podem ser comparadas as concepções de linguagem de descartes e leibniz, para tomar um contraponto;
enquanto descartes assume o modelo metafísico de situar a verdade ou a certeza no objeto, no referente, para leibniz a verdade se constitui enquanto linguagem, enquanto sentido, para lembrar deleuze;
apropriar-se da dimensão do sujeito do conhecimento é a revolução paradigmática no conhecimento moderno, ou seja dos últimos quinhentos anos;
abrindo parênteses: a obra de nietzsche é a que melhor define a constituição dessa revolução em sua ruptura com o paradigma do saber cristão, da filosofia escolástica, pautada nos princípios metafísicos do pensamento socrático e platônico, a qual formula o modelo da religião científica dos iluministas e o cachorro morto positivista da época de nietzsche que, depois disso, só encontrou morada no terceiro mundo;
fecham-se parênteses, bom, o sujeito do conhecimento não implica apenas na inserção do pensador em seu método de pesquisa, implica também no redimensionamento político, antropológico e, principalmente, epistemológico do texto;
o texto passa a inserir-se em seu campo epistêmico, ganhando, assim, dimensão epistemo-lógica, ou seja, o texto se dobra sobre si mesmo;
passa a circunscrever o universo de conhecimento no qual está inserido, fora e dentro perdem o sentido, visto que tudo passa a ser superfície;
a partir daí, pode identificar instrumentos e reconhecer-se como instrumento num contexto determinado, num campo de ação e de intencionalidades;
inserindo-se num contexto em que ganha dinâmica com a dialética, o texto adquire a dimensão da intencionalidade da práxis política que o define;
a história perde seu sentido universalista, cultura e sociedade passam a constituir campos dinâmicos, heterogêneos;


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