04 agosto 2006

segundo a experiência que tive no pouco tempo da ocficina e no longo tempo de convívio, aproximadamente dois anos, de consumidor dedicado de produtos orgânicos, pude perceber processos e métodos de transmissão e produção de conhecimento próprios a este grupo;
no entanto, talvez o mais interessante ao recorte antropológico e que valha a pena e a tinta, é a situação desses agricultores orgânicos diante do mercado hegemônico, dos metódos de produção do agrobussines, a experiência dos apurinã como manejadores de sementes e de fauna indiretamente etc, portanto esse discurso diante do discurso hegemônico da exploração predatória, da exploração do animais criados engaiolados para serem vendidos congelados nos supermercados;
certo que não se pode fugir muitas vezes de discursos capitalistas que vêem nos orgânicos um produto mais rentável, este uma rara excessão, ou do discurso piegas do ecologismo infiltrado, no entanto, mesmo em meio a esse discurso ecológico importado dos ecologistas urbanos, pode-se ouvir dissonâncias selvagens que ultrapassam o pieguismo do ecologismo; este que eu considero ser o recorte antropológico mais interessante no que me toca; como esses homens constróem seu mundo, militam na agricultura num mundo em que a alimentação humana virou uma guerra, um campo ocupado pelo comando que atua no poder da homogeneização global;
interessante, talvez servir-se deles para quebrar com a imagem de uma naturalidade diante de nossos bizarros hábitos alimentares; outra coisa que talvez possa ser interessante é a sedução que o mundo dos enlatados e dos industrializados tem frente a esses homens; muitos não consomem ou consomem pouco os seus próprios produtos, visto que acompanham a alimentação normal dos outros seres humanos;
o problema antropológico da alimentação deve ser uma reflexão interessante de se fazer; articula problemas como a saúde, cultura, economia, ecologia e sustentabilidade entre outros; a cultura da carne, sua instituição e suas consequências é um problema que pode e deve ter uma entrada antropológica; como se procede à criação de hábitos alimentares bárbaros que parecem tão inocentes;
para quebrar com o modelo linear de buscar na história os subsídios para realizar esta crítica, pode-se buscar em outras civilizações os seus costumes em relação à alimentação para comparar com os ocidentais;

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