31 agosto 2006

o discurso monoteísta se define então como o discurso do poder por excelência;
há alguns anos levantei a questão, na busca de definir os meios da aprendizagem indígena; para além da escrita não haveria educação indígena, qual o lugar do canto e da dança nesse processo de aprendizagem do jovem indígena, como situar epistemologicamente esse problema, como reconstituir sua genealogia;
o corpo como superfície de inscrição de códigos, a materialidade do pensamento, a ruptura com uma homogeneização que atravessa o catecismo cristão dos jesuítas e o discurso racista das ciências, que toma o branco e seu pensamento por modelo, em sua vontade de verdade que reproduz um mundo sob a imagem unitária da convergência, em que tudo converge para a visão de um mundo pré-definido como o verdadeiro;
a liberdade para criar novos mundos, para se desvencilhar de toda de toa velha carcaça de verdades pesadas, aprendendo os códigos para manipula-los de acordo com tal liberdade; enfim, uma liberdade de quem e para quem a história não faz o sentido obrigatório que faz para nós, sentido linear e, sobretudo, evolutivo;
os indígenas, com as secretarias de estado ou câmeras de filmagem nas mãos, nos provam que nossa história pode evoluir para trás, para os lado, em outras direções, mas sobretudo que para além dela podem surgir outros mundos, criados mesmo por outros enfoques, outras naturezas humanas, diferentes aquelas que criaram o monoteísmo e a história;
define-se, portanto, neste ponto de inflexão a natureza comum do discurso religioso, do discurso histórico e do científico;

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