04 julho 2006


é o que se faz perceber por jamais fomos modernos, o discurso da modernidade remete a uma realidade que está fora dele; quanto mais puro quer ser, mais ideológico ou etnocêntrico se torna;
o que se quer remeter com isso é à dinâmica da representação, sua capacidade de criar um fundo falso, uma ilusão de ótica;
a prática é a de produção, o modelo que a justifica é de representação: de um lado o ser e a história são construídos como entidades que estão lá, no mundo das idéias, para serem atualizados; na prática, o devir é que atualiza o ser, que intensifica o poder via história;
não há dúvida de que desde que se começou a levar a sério, na antropologia a ruptura com a representação, e se começou a operar com o referencial da produção, a arte narrativa foi descoberta;
minha ascendência literária marca meu primeiro olhar para a antropologia, marca mesmo todos os meus escritos na áreas e, praticamente, todos os meus referenciais em antropologia;
vivenciar o campo e transpô-lo numa narrativa, uma narrativa que contenha em si seus princípios metodológicos, os princípios metodológicos da forma com a qual foi transposta;
forma e conteúdos se definem mutuamente, num processo em que matéria e forma se casam;
entre os segredos da arte narrativa, há dois que especialmente me fascinam; o primeiro é a capacidade de ambientação, de construção de cenários, de universos; o segundo é a distribuição ou disputa das perspectivas, o modo como os personagens ocupam a cena, tomam os espaços, envolvem a narrativa;
esses dois procedimentos estão estreitamente associados, interioridade e exterioridade são dimensões indiscerníveis;

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