03 julho 2006

o campo da prática de campo
como levar para a prática tantas propostas teóricas?
aqui, não se vê nisso propriamente um problema; toda a teoria da antropologia simétrica se pauta na prática de campo;
inicia-se com a abordagem antropológica do contexto histórico dos grupos interlocutores; esse tema é uma exigência inicial da abordagem metodológica; é necessário reconstruir a vivência do grupo, recriá-la para os fins que são propostos;
nossa intenção, assim, não é propriamente histórica; não queremos definir fatos, acontecimentos, movimentos sociais, história, etc; o que pretendemos é criar um fundo comum para elaborarmos nossos procedimentos;
aqui, pode-se entrar com a ética; tampouco a ética, assim como a história, encaminha-se a uma afirmação dos valores positivos; esses são condição de toda atividade; toda atividade é ideológica, imagine-se então uma financiada pelos gringos na floresta amazônica;
assim, é fundamental traçar os quadros de valores que envolvem os agentes coletivos em questão; quais suas intenções, seus procedimentos, seu código de ética afirmado na prática dos eventos reconstruídos no âmbito de nossa contextualização histórica;
optou-se por definir dois códigos de ética, à maneira marxista ou maniqueísta, fórmula a que estamos acostumados; ética da exploração predatória e ética do manejo;
no estudo da ética do manejo, percorremos as práticas de luta que garantiram a sobrevivência dos seringueiros; como nosso estudo se estendia à ética do trabalho em parceria, encontramos os parceiros dos extrativistas nessa luta pela sobrevivência;
dentro de seus procedimentos, caracterizou-se uma prática que foi diferencial e distinguiu a história desse movimento social da história de um sem número de outros movimentos que acabaram no extermínio de seus atores;
essa prática diferencial dos seringueiros, articulados com seus parceiros, constitui-se em seus processos comunicativos;
sua disposição no espaço garantia-lhes uma apurada concepção de território; enfim, como é estreita a relação entre concepção de território e processos comunicativos, percebe-se que a concepção de território definiu as práticas comunicativas dos seringueiros, definindo, concomitantemente, suas práticas políticas;
a escola
inclusive a formação da escola tem um caráter estritamente prático de organização comunitária, distanciando-se muito da ideologia da instituição escolar do aprender por aprender;
a idéia é aprender a escrever para compor instrumentos de comunicação, para poder se representar nos meios de comunicação, para abrir espaço para a voz desses atores nos meios de comunicação;
mesmo o espaço da escola é visto como um território de ação política, um espaço útil à práticas comunicativas, espaço onde circulem as experiências dos comunitários;

metodologia de pesquisa
a concepção de metodologia em antropologia define-se pela integração entre tema e método; o tema desenvolvido exige uma metodologia própria, que contemple suas especificidades;
não há método universal ou absoluto; o método se define segundo a especificidade do problema; o problema constitui-se do interlocutor, de seu universo, de seus procedimentos de conhecimento, de seus processos comunicativos, de sua relação conosco etc;
em antropologia simétrica parte-se da concepção de teoria nativa como ponto de partida do procedimento de investigação; teoria nativa é o conjunto de categorias com que o interlocutor caracteriza o mundo; são os procedimentos com que o interlocutor recorta sua visão de mundo, constitui sua perspectiva;
como se vê, o processo positivo da afirmação de verdades, dobra-se sobre seu próprio corpo, construindo um corpo híbrido, um ciclope de múltiplas perspectivas; nisto resulta o método de pesquisa aqui elaborado;


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