04 julho 2006

a máquina territorial primitiva codifica fluxos, investe os órgãos, marca os corpos; até que ponto circular (trocar) é uma atividade secundária em relação a essa tarefa que resume todas as outras: marcar os corpos que são da terra; a essência do socius registrador, inscritor, enquanto ele se atribui as forças produtivas, e distribui os agentes de produção, reside nisso - tatuar, excitar, incisar, recortar, escarificar, mutilar, cercar, iniciar; (...) porque é um ato de fundação, pelo qual o homem cessa de ser um organismo biológico e se torna um corpo pleno, uma terra, sobre a qual seus órgãos se aferram, atraídos, repelidos, miraculados conforme as exigências de um socius; que os órgãos sejam talhados no socius, e que os fluxos escorram sobre ele;
o antiédipo: 183

representação e produção x produção e representação
é nesses termos que se constitui a distinção que tenho procurado operar em minhas pesquisas, agora posso ver;
passar da ilusão da representação para a prática na imanência, reatualizada pelo discurso moderno, capitalista, apropriando-se do processo próprio de produção, de autopoiésis;
essa autoconstituição opera na dinâmica da produção: na dimensão discursiva estamos produzindo sentido, produzindo significado;
não se busca representar uma suposta realidade, visto que este processos de reiteração serva para escamotear o próprio processo de produção de verdade, de intensificação de poder, os processos positivos de produção de subjetividades, de dispositivos, de poder etc;
a idéia de representação, suas práticas, sua dinâmica, seu processo, servem à cristalização tanto das formas representadas, como, e principalmente, dos processos de produção de sentido, os constituintes discursivos;
representação: acredita-se estar representando algo exterior ao discurso, a realidade exterior e transcendente é que coloca o texto em sua órbita;
com isso se perde a natureza produtiva do discurso, sua natureza textual se perde ao colocá-lo em função de um suposto objeto externo ao discurso;
produção: o discurso é colocado diante de outros discursos, qual espelho; o texto perante o texto: instaura-se a dimensão discursiva: biblioteca de babel que evidencia a natureza do texto, do autor, das experiências narradas, seus personagens e seus narradores;
a instância enunciativa se projeta como espaço privilegiado da intertextualidade; é nessa instância que o texto pode dobrar-se, voltar-se a seu próprio corpo, por em jogo sua imanência;
é no âmbito do regime enunciativo que se arquiteta o texto: abolido o discurso direto, é sobre o regime enunciativo que incidem os recursos criativos da elaboração textual;
quem tem a palavra, quem conduz, em nome de quem se fala, como se procedem as variações de intensidade que marcam a palavra de um, a palavra de outro;

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