04 julho 2006

a força de reich foi ter mostrado como o recalcamento dependia da repressão; (...) reich foi o primeiro a colocar o problema da relação do desejo com o campo social (ele ia mais longe que marcuse, que o trata com leviandade); ele é o verdadeiro fundador de uma psiquiatria materialista; colocando o problema em termos de desejo, é o primeiro a recusar as explicações de um marxismo sumário, demasiado pronto a dizer que as massas foram enganadas, mistificadas... mas, porque não tinha formado suficientemente o conceito de uma produção desejante, não conseguia determinar a inserção do desejo na infra-estrutura econômica, a inserção das pulsões na produção social; a partir disso, o investimento revolucionário lhe parecia tal, que o desejo coincidia aí, simplesmente, com uma racionalidade econômica; quanto aos investimentos reacionários de massa, eles lhe pareciam ainda remeter à ideologia, tanto que a psicanálise tinha por papel único explicar o subjetivo, o negativo e o inibido, sem participar diretamente como tal na positividade do movimento revolucionário ou na criatividade desejante (não era, de certa maneira, reintroduzir o erro ou a ilusão?)
o antiédipo: 155
o problema da antropologia: ver e ser visto
com artaud, aprende-se a lição seguinte: suprimir a representação: o teatro da produção;
é essa proposta que se busca converter na aproximação antropologia-teatro, num possível devir teatral da antropologia, devir artístico do pensamento humanista;

devir

em um estudo sobre a música (sua dinâmica, sua semiose) encontrou-se na tensão: logos/música\ fala/canto\falus/canto, o processo do devir para condução da experiência de pesquisa; o lugar do pesquisador só pôde ser deslocado quando a música conduziu ao problema da percepção: o ouvir;
por essa linha de fuga foi que se traçou a passagem para a teoria nativa: perspectiva do interlocutor: como vem com a música, uma imagem diversa do saber: circular, não diretivo, ritornelo; uma educação, um saber elementar da música contrasta com uma educação pautada na explicação lógica, de caráter e dinâmica representativos;
traçando assim a linha melódica do canto como dinâmica de um saber: linha da vida\linha do canto, traçou-se uma teoria nativa do conhecimento de natureza produtiva, não representativa;
não o que isto quer dizer, e sim como isto funciona;
no decorrer do trabalho, da composição do texto, de sua escritura, o discurso vai tomando essa forma construtiva, conduz-se segundo essa natureza; seu corpo vai se metamorfoseando;
rompe-se assim com a dinâmica representativa do corpus acadêmico e escolar para se assumir o viés antropológico do devir xamã no canto, do ritornelo;

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