08 junho 2006

sentido e invenção
o tema corpo exige uma abordagem corporal; a filosofia trágica, que se consome em seu próprio fogo, pode ser pensada uma filosofia muscular;
a palavra chave deste pensamento: imanência;
em termos antropológicos, o estruturalismo propõe um debruçar-se sobre o texto, sobre a criação de sentido no texto etnológico;
totemismo hoje: inicia-se por comparar a ilusão totêmica à produção social do louco: o selvagem seria produto de nosso pensamento, das civilizadas abordagens objetivas, de procedimentos de estudo e de análise próprios à ciência da época;
o estruturalismo, assim, não se define facilmente por seus temas, por seus objetos: ele problematiza a forma do texto etnológico, conduzindo a uma metateoria, e essa forma em sua função de produzir sentido;
o sentido não mais emana das coisas, ele circula em códigos, em circuitos fechados, sendo mais um problema de significantes em relação;
a ruptura com essa maneira de relacionar palavras e coisas, discursos e referentes, conduz a um método próprio, que inscreva em seu próprio corpo, que participe de sua composição, de sua construção;
a construção do sentido rompe com o primado do ser, com o primado do significado, trazendo à frente o significante, o corpo, o devir;
são dois métodos, pois dois modos distintos de proceder com o conhecimento; o primeiro, marcado pela revolução hegeliana da história, apega-se à tradição da metafísica transcendental que atravessa o pensamento moderno, coroando-se no marxismo; o segundo se volta à imanência, aos processos de produção de verdades e de criação de sentido, cujos discursos fornecem material de primeira;
o sentido não está dado, ele é construído, constitui-se socialmente através de procedimentos diversos; essa naturalização dos sentidos resulta dos próprios processos de produção de verdades e sentidos;
as máquinas que produzem verdades, sentidos, realidades, estão ocultas por entre a selva de discursos que nos enreda;
quando Carlitos é devorado pela máquina e depois cuspido fora - cena precursora de todo o Matrix - a máquina que engole o homem resulta num complexo processo de disciplinarização;
o homem engolido: tem seus sentidos engolidos, sua percepção é engolida, não pode ver o que o envolve e naturaliza sua condição, não a reconhece como processo;

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