28 junho 2006

oespinhodaéticafreqüentemente, não notamos a origem cultural dos valores morais, do senso moral e da consciência moral porque somos educados (cultivados) para eles e neles, como se fossem naturais ou fáticos, existentes em si e por si mesmos; por que isso acontece? porque, para garantir a manutenção dos padrões morais através do tempo e sua continuidade de geração a geração, as sociedades tendem a naturalizá-los, isto é, a fazer com que sejam seguidos e respeitados como se fossem uma segunda natureza; a naturalização da existência moral esconde, portanto, a essência da moral, ou seja, que ela é essencialmente uma criação histórico-cultural, algo que depende de decisões e ações humanas;chauí, convite a filosofia:307

positivo: o valor do positivo baseia-se no costume;
positivo seria aquilo que está conforme o costume;
o contrato social, como vimos há muito, é um instrumento que serve à intensificação de nosso regime político da representação, no qual todos temos o privilégio de sermos representados;
o contrato social é o fundamento do direito positivo, pois este está fundado nos costumes; que costumes? cabe perguntar;
o contrato social é esse instrumento político constiuído com a cisão natureza/cultura que funda a modernidade;a noção de estado de natureza é tão artificial quanto à de natureza;
tem-se plena consciência agora, numa esfera tão desdobrada no interior das dimensões discursivas como a da antropologia, impensável hoje sem os jogos de espelho propostos pelas metateorias desde o estruturalismo, que noções tais como estado de natureza e contrato social são personagens no papel, mais do que pessoas em carne e osso;
certo que tais personagens estão sendo diariamente re-encarnados, mas nem por isso deixam de ser personagens com valor meramente metodológico;
se apenas existe direito positivo (que possui sua fonte no costume), não merece o nome de direito.
todorov, nós e os outros:33

o problema moral, problema ético, o eixo gravitacional dos valores, tem como ponto nevrálgico a genealogia;
deve-se desconfiar dos valores, estes têm espíritos épicos e ao contar sua história, costumam fantasiar-se;
tudo certo, quando só há fantasia, mas ainda não fomos tão longe; lembremos que o campo dos problemas morais é o campo do positivismo muito antes de ser o do relativismo;
portanto, deve-se desconfiar de uma história dos valores para se buscar uma genealogia dos valores;
com isso desloca-se a perspectiva, reconhece-se a perspectiva comprometida com os valores vigentes;
há sempre um vento que bate e nos leva pra longe de onde partimos;

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