28 junho 2006

divergéncepodem ser pensados dois momentos, caracterizando dois aspectos, dois caracteres da antropologia educacional;
o primeiro se constitui do discurso hegemônico ocidental, que acredita na educação como redenção dos povos sem cultura, sem consciência, sem história, sem civilização;
para esse discurso, a educação possui um poder redentor de levar a humanização;
caracteriza-se pela concepção da alfabetização como possibilidade de evolução à cultura letrada, passando à margem dos limites impostos à civilização letrada pelo logocentrismo escrito;
não pode ouvir ou sentir nada além de seu mundo de signos escritos, não pode conceber universos de sentidos outros, de outras sensibilidades;
esse discurso etnocêntrico, epistemocêntrico, está calcado na base dual do discurso da modernidade que conhece concepção no nascimento simétrico e mutuamente excludente dos discursos do saber e do poder, do conhecimento e da política, do discurso científico e do discurso político;
a relação entre esse saber letrado e seu alcance político teve uma primorosa e inalcansável abordagem por pierre clastres no seu primeiro vislumbre das sociedades contra estado, suas máquinas de guerra;
com elas que entramos no universo dos fogos cruzados, dos campos minados, dos territórios mistos, dos corpos híbridos;
hoje nossos processos em antropologia educacional consistem em dar forma aos agenciamentos ilimitados que pululam: livros, filmes, vídeos, discos, projetos etc são algumas das possibilidades de criar espaços de expressão coletiva, artística, política sobretudo;
conhece-se com tais processos uma redefinição do campo antropológico; uma revolução se produz: os agenciamentos encontram um espaço nunca visto;
estamos operando nessa esfera da reversão do discurso que formou nossa concepção da realidade através das representações científicas dos fatos que instauraram nossa fé num mesmo deus = a realidade, a natureza etc;
aprendeu-se que o que muda está na esfera cultural, social, e a natureza seria esse espaço a ser decifrado, a ter suas leis a espera dos decifradores de códigos;
com essa reversão é necessário trafegar deixando tais pressupostos, pensando a partir de outras referências;tudo passa a constituir campo de transformações e de construções, inclusive essa esfera constituída pelo discurso científico e considerada imutável;

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